terça-feira, 15 de outubro de 2013

OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS

                      
AS VISAGENS DE UM TEMPLÁRIO
 Rodrigo Canani Medeiros

Um cavaleiro templário
vigia a “Porta de Sangue”
onde outrora este Castelo,
de Tomar, em Portugal,
foi palco de resistência
das ofensivas mouriscas,
de califas e almóadas.

Do alto destas muralhas
o Cavaleiro de Cristo
mira longe a Estremadura
e se põe a refletir...


                     
                                                                        Jacques de Molay
                                                                      Hugo de Payens
                                                       Cavaleiros Templário


                      A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, melhor conhecida como Ordem dos Templários é uma Ordem de Cavalaria criada em 1118, na cidade de Jerusalém, por nove cavaleiros de origem francesa, entre os quais Hugo de Payens e Geoffroy de Saint-Omer, visando a defesa dos interesses e proteção dos peregrinos cristãos na Terra Santa.
                        Sob a divisa Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam (Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome daí a glória), tornou-se, nos séculos seguintes, numa instituição de enorme poder político, militar e econômico.
Inicialmente, as suas funções limitavam-se à proteção dos peregrinos que se deslocavam aos locais sagrados, nos territórios cristãos conquistados na Terra Santa, durante o movimento das Cruzadas. Nas décadas seguintes, a Ordem beneficiou-se de inúmeras doações de terra na Europa que lhe permitiram estabelecer uma rede de influências em todo o continente.
                      No dia 13 de Outubro de 1307, uma Sexta-feira, foi preparada uma armadilha à Ordem dos Templários, pelo papa Clemente V, sob pressão do Rei da França Philip IV-O Belo-Foram enviadas inúmeras missivas com o selo papal para diferentes pontos da Europa indicando que fossem abertas exatamente a uma hora.
                      O teor acusava peremptoriamente os Templários de traição à Igreja, declarando os hereges, sendo por isso da máxima importância o seu extermínio. A Ordem dos Templários foi praticamente extinta, refugiando-se um pequeno grupo nas ilhas britânicas, um outro grupo em França sobre o nome de Priorado de Sião, e em Portugal, sob guarda do Rei D. Dinis, um outro grupo de sobreviventes criou a Ordem de Cristo.
                    O massacre dos templários deu-se em  França , no dia 13 ,a uma sexta feira do ano de 1307. Esse foi de facto para os Templários um mau dia. Nascia assim o dia de todos os azares. E ainda hoje, sempre que é sexta-feira 13, acreditamos que seja um mau dia!
                      O Grão-mestre Jacques de Molay e outros três Cavaleiros do topo da hierarquia da Ordem, que num primeiro momento, sob tortura, reconheceram ter praticado estes "crimes" foram condenados à prisão perpétua. Porém, no dia da proclamação pública desta sentença, na presença dos quatro acusados, Jacques de Molay interrompeu a leitura da sentença e num discurso comovente voltou atrás e rejeitou todos crimes já reconhecidos. Tendo sido acompanhado, neste ato, por apenas um dentre os outros três cavaleiros presentes. Num processo contra heresia, que é o caso, um condenado que reconhece sua culpa e volta atrás torna-se um "herege reincidente", a partir de então ele não merece mais a absolvição da Igreja e passa para o controle da justiça secular, neste caso, o Rei da França, Filipe o Belo. Jacques de Molay e o outro cavaleiro que o acompanhou no discurso foram queimados de maneira sumária na manhã seguinte, a mando do Rei, em Paris, no ano de 1314. A fogueira ocorreu em algum lugar na atual ilha de Saint Louis ou ainda na ilha de Notre Dame.
                O julgamento dos Templários arrastou-se por anos e embora muitos dos seus membros tenham sido condenados e queimados, a ordem em si não foi considerada culpada.
                  A Ordem teve uma extinção formal através da bula papal do Concílio de Vienne, entretanto o destino prático da mesma nos diversos países onde ela se encontrava foi muito variado. Na França ela foi totalmente suprimida e seus bens móveis foram incorporados pela estrutura real, já seus bens imóveis foram transferidos, não sem muito esforço, para a Ordem dos Hospitalários (Ordem Hospitalária de São João de Jerusalém) conforme orientação direta do Papa Clemente V. O destino de seus membros não é muito claro, mas vários deles foram totalmente reintegrados à sociedade inclusive em postos de destaque.
                  Na Inglaterra, Irlanda e Escócia, o destino dos bens materiais foi ligeiramente diferente, pois o Rei da Inglaterra, que inicialmente custou a aceitar a determinação papal e a ação do rei francês, acabou por vislumbrar uma grande oportunidade de aumentar seu patrimônio. Assim, mesmo tendo tratado de maneira branda os membros da Ordem sob sua jurisdição, apossou-se dos bens da Ordem e, em grande parte, ignorou a orientação papal de transferi-los para a Ordem dos Hospitalários. Vários dos Cavaleiros e membros da Ordem Templária, muitos dos quais já fazendo parte da corte inglesa, foram aceitos e integrados aos diversos condados e ducados na Inglaterra, Irlanda e Escócia.
                  Na Península Ibérica, o resultado prático do fim da Ordem foi totalmente diferente. O Papa reconheceu um pedido dos soberanos locais de manter os bens que os Templários mantinham em seus reinados, destinando-os a outras Ordens. Em Portugal foi criada, em 1319, a Ordem de Cristo (em latim,Ordo Militiae Jesu Christi) que teve como seu primeiro Mestre o antigo Mestre Templário em Portugal e que manteve praticamente a mesma estrutura material e hierárquica da ordem anterior, porém sob controle real.
                  Nos reinos de Castela e Aragão os bens foram entregues a ordens já existentes, também ligadas aos reis locais. Vários de seus membros foram automaticamente incorporados às mesmas.
                 Na Alemanha, onde as propriedades da Ordem eram inferiores, embora seus membros tenham recebido um tratamento e julgamento dignos, seus bens foram totalmente incorporados aos Cavaleiros Teutônicos (Cavaleiros Teutônicos do Hospital de Santa Maria de Jerusalém) ou em alemão, Deutscher Ritterorden. Não se tem uma informação precisa sobre o destino de seus membros originais, porém não temos motivo para afirmar que não tenham sido aceitos entre os Teutônicos - cuja rivalidade com os Templários não era a mesma apresentada pelos Hospitalários.
               Quando os Templários passaram a ser perseguidos na França, Portugal recusou-se a obedecer à ordem de prisão dos seus membros. Na verdade os portugueses tinham os Templários em alta conta, já que ajudaram nas guerras de Reconquista que expulsaram os mouros da península Ibérica, e possuíam grande tecnologia de locomoção terrestre e marítima, útil a D. Dinis (1279-1325).
                Após a aniquilação dos Templários na maior parte da Europa, a Ordem continuou em Portugal, como Ordem de Cristo (da qual o Infante D. Henrique foi grão-mestre). Toda a hierarquia foi mantida e na cruz vermelha sobre o pano branco, símbolo templário, foi acrescida uma nova cruz branca em seu centro, simbolizando a pureza da ordem.
                   A Ordem de Cristo herdou todos os bens dos Templários portugueses e desempenhou um papel fulcral nos descobrimentos portugueses. Por um lado, emprestaram recursos para a coroa portuguesa financiar os avanços marítimos, por outro, transmitiu à chamada Escola de Sagres todo o vasto conhecimento que já dispunham sobre navegação após anos singrando o mar Mediterrâneo. Essa ligação íntima explica porque as caravelas portuguesas tinham as suas velas pintadas com a cruz teplária.
             Alguns templários também se dirigiram para a Escócia, onde foram recebidos de bom grado e se incorporaram no exército escocês. A experiência e destreza dos cavaleiros templários foi importante nas batalhas que culminaram com a libertação do país do domínio inglês. Na Escócia tiveram liberdade suficiente para continuar as suas atividades sem ser incomodados pela inquisição da Igreja Católica, tendo-se misturado a fraternidades maçônicas, onde se originou, segunda a lenda, a Franco-Maçonaria.


Um comentário:

  1. Ainda requer um estudo meticuloso . A destruição da Ordem do Templo propiciou ao rei francês não apenas os tesouros imensos da Ordem (que estabelecera o início do sistema bancário), mas também a eliminação do exército da Igreja, o que o tornava senhor rei absoluto, na França.

    Nos demais países a riqueza da ordem ficou com a Igreja Católica.

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