sexta-feira, 18 de março de 2022

MAJ. JOÃO MANOEL DE ATHAYDE




                                                             Maj. João Manoel de Athayde

                                                             Eneci Alves- Acervo da família



                Filho do Cap. Manoel Antônio Rodrigues de Athayde e Benta Moraes de Athayde ,nasceu em 22 de junho de 1858 em São Gabriel, Rio Grande do Sul. Faleceu 20 de julho de 1894, no mesmo Estado e foi sepultado a 21 de julho de 1894 no Cemitério Municipal da nossa cidade.

                 Foi iniciado na maçonaria na Loja Rocha Negra de São Gabriel e fazia parte da Comissão Abolicionista, criada em 10 de Setembro de 1884, conforme se vê em Fagundes:

        “......Foram então designados para constituírem essas comissões os se-
     guin as Irmãos: no 1° distrito - SEBASTIÃO MENA BARRETO e AL-
MANSOR CUELLO, no 2° distrito CARLOS CÂNDIDO PEREIRA,
LUIZ PEREIRA LIMA e JOÃO MANUEL DE ATHAYDE; no 3º distrito -
MÁXIMO IRIGARAY e JONATAS RIBEIRO BALTAR, encarregando-
se o Irmão BRÁUĻIO FERNANDES PESSOA de conseguir que os Ir-
mãos DAMIÃO COELHO DE MORAIS e JOSÉ GOMES DE ANDRADE
prestassem o seu auxilio no 1° distrito...”

        Membro do Partido Republicano participou da Revolução de 1893 e teve participação destacada no Cerco de Bagé, havendo sido louvado pelo Gen. Carlos Teles, na Ordem do Dia de 27 de Março de 1893, publicada no jornal A Federação de 1º de Abril de 1893.

          Foi assassinado barbaramente em 20 de Julho de 1894, quando residia em São Pedro do Sul por um Piquete Federalista, comando por um dito Carneiro, que entrou na cidade exclusivamente para esse fim, haja vista nenhum outro dano ter causado a população da cidade. A essa época conforme foi declarado em seu óbito por Júlio Brenner fazia parte das forças comandadas pelo Ten. Cel. Alfredo Mesquita.

           O Maj. João Manoel era concunhado do Maj. Emygdio Orestes da Silva Torres (ambos iniciados maçons na Loja Rocha Negra de São Gabriel) que havia fixado residência em São Pedro em 1892 por haver sido nomeado para a Guarda Nacional em Santa Maria. Casado com Inez Gomes Alves de Athayde irmã de Othília Gomes Alves (esposa do Maj. Emygdio), ambas filhas de Cesário Machado Alves e Leonida Gomes de São Gabriel)

                É provável que João Manoel também teria vindo junto porque à época do seu assassinato exercia um cargo na região como afirma Leal:

        “ Um mês  depois, isto é em 20 de Julho novamente o povoado foi
atacado conforme relata o Dr. Romeu Beltrão: "Um
piquete revolucionário, comandado por um tal Carneiro,
apoderou-se de surpresa da povoação, desguarnecida em
virtude da ausência da força legalista do Capitão Antônio
Cândido Alvares, sendo barbaramente degolado o Major
João Manuel Athayde, autoridade local".

        O fato desse Piquete haver entrado na cidade e não ter causado nem um outro mal além desse assassinato nos leva a crer em um ato de vingança, uma morte por encomenda em razão, talvez, de barbarismos praticados pelo Ten. Cel. Alfredo Mesquita na região, dos quais selecionamos um, ocorrido em São Martinho da Serra em 09 de Março de 1894 ou seja dezesseis dias antes do assassinato do Maj. João Manoel, conforme afirmam Costa & Pedrazzi :

 

                “...Em 09 de Março de 1894,pouco além de São Martinho, na estrada que vai a Val de Serra, às 7 horas, são barbaramente degolados
o fazendeiro Balbino Francisco de Souza e o Professor Carlos Alfredo
Seymour** , inglês, pela força legalista de Alfredo Mesquita mancomunado
com o Intendente de São Martinho, Prachedes Pereira dos Santos,
preparou uma cilada: manda Mesquita que seus homens usem lenços
vermelhos, pois Balbino e o Professor eram federalistas (maragatos).
Ao se aproximarem, os legalistas trocam os lenços para brancos e
cometem o bárbaro assassinato. Os corpos foram sepultados no cemitério
particular da fazenda do Coqueiro e, mais tarde, trasladados para Pelotas.”

O Maj. João Manoel de Athayde não pertencia aos quadros da Loja Remanso, entretanto ,não houvesse sido vitimado quatro anos antes da fundação da Loja, por certo teria sido um dos fundadores, haja vista, a amizade e forte ligação por laços matrimoniais e maçônicos com o Maj. Emygdio Torres.

                         Fiz constar um pouco da sua história no livro da história da Loja Remanso, como homenagem a esse Irmão que tanto lutou na sua terra pela liberdade dos escravos e acabou sendo mais uma vítima da cruenta Revolução de 1893 que ensanguentou o nosso Estado na mais hedionda guerra de irmãos contra irmãos que se tem conhecimento.

                  Em São Pedro do Sul, além de outros descendentes a dona Eneci Alves do Santos  é descendente da esposa do Maj. Athayde pelo ramo de seu avô Manoel Machado Alves (irmão de Ignez e de Othília) e do próprio Maj. João Manoel pelo lado da sua avó Geraldina Athayde Alves (irmã do Maj).

              Conforme Beltrão os descendentes do professor Carlos Alfredo Seymour trocaram o nome para Simor por razões e segurança. Não por acaso encontramos na história de São Pedro do Sul muitas pessoas com o sobrenome Simor.

 

 BIBLIOGRAFIA

 

BELTRÃO, Romeu.”Cronologia Histórica de Santa Maria e do extinto município de São Martinho.” 1787-1933. Editora da UFSM, Santa Maria/RS.2013.

COSTA, Firmino, PEDRAZZI Rubens Augusto. São Martinho da Serra -Terra e Gente.

Home Artes Gráficas. Santa Maria/RS. 1999.

.LEAL, José Cândido Rodrigues. São Pedro do Sul, Antigo – Registros Históricos (1926-1965). Infograph –  Santa Maria.1996.

 Arquivos A.’. R.’. L.’. S.’. Remanso – São Pedro do Sul/RS.

Arquivos A.’. R.’. L.’. S.’. Rocha Negra – São Gabriel/RS.

Arquivos do Jornal o Commércio – Centro Histórico Fernando Ferrari - São Pedro do

Sul/RS.