sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A LITURGIA DO CARGO

                                          
                          Segundo o escritor e filólogo Umberto Eco, crítico do papel das novas tecnologias na disseminação de informações, em opinião manifestada quando da outorga do título de doutor Honoris Causa em comunicação e cultura na Universidade de Turim(11-06-2015): 

            "Normalmente, eles (os imbecis) eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel".

                         Para ele, a TV fez com que o “idiota da aldeia” se sentisse em um patamar superior, e a Internet elevou ainda mais essa situação.
Antes das redes sociais, os “idiotas da aldeia’’ tinham direito à palavra "em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade". ''O drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade".
                       Trago a opinião do conceituado escritor porque quero refletir sobre a ideia da liturgia do cargo que foi popularizada pelo ex-presidente José Sarney no primeiro semestre do ano de 1985, quando recém empossado Presidente da República, ao ser flagrado por repórteres e fotógrafos saindo do palácio presidencial ao volante do seu carro particular, num final de semana, indo para a sua propriedade, o sítio de São José do Pericumã, acompanhado da esposa Dona Marli Sarney.
                      Indagado sobre aquele fato inusitado, um Presidente da República dirigindo seu próprio automóvel, Sarney respondeu, sem jeito e meio constrangido, que esperava não estar violando a liturgia do cargo. Despediu-se dos profissionais da imprensa, engatou a primeira e foi embora pra sua fazenda, seguido por um batalhão de jornalistas.
                     A expressão “liturgia do cargo” é muito adequada para expressar o comportamento que se espera de ocupantes de cargos público e, assim como a ética, deveria ser um conceito natural, de fácil percepção e de entendimento pacifico por quem recebe a missão de representar ou conduzir os demais cidadãos. Sobranceiramente, é a consciência do significado de se ocupar uma posição de destaque, de representatividade, de mando, de responsabilidade, uma delegação social.
                        Mas assim como não tem a noção do conceito de ética, alguns desses afortunados detentores de posições relevantes (eleitos ou concursados) na estrutura pública nos seus três níveis (em seus vários escalões), também são levados a ter uma visão toda particular do que seja a “liturgia do cargo”. Confundem esse conceito (muito pela deficiência sociocultural e moral que a grande maioria é portadora) como sendo as condições materiais e posições sociais que lhes são alcançadas pelo contribuinte (nós todos pagadores da conta) e colocadas à disposição para exibir suas façanhas nada edificantes.
                   Faço essas colocações porque nesses dias que antecedem as eleições para prefeitos (as) e vereadores (as) o eleitor tem que decidir e escolher pelo melhor nesse emaranhado de opiniões, promessas e acusações. Alguns (mas) só acusam porque lhes falta obra, lhes falta história, lhes falecem propostas e objetivos claros e honestos. As redes sociais estão saturadas de campanha política e em alguns casos (não poucos), candidatos e apoiadores (as),inclusive é facilmente observável, apoiador (a),mentor(a) que monopoliza a candidatura do(a) afilhado (a) e aí o ridículo não tem limites).
                São fotos desmazeladas, debochadas (o deboche pode ser arte, mas tem que ter cultura pra isso),acusações infundadas, inversão de palavras, de atos, de atitudes enfim tudo o que mentes doentias são capazes de produzir dentro dessa afirmação (repito) de Humberto Eco:

                                 - Antes das redes sociais, os ‘’idiotas da aldeia’’ tinham direito à palavra "em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade". ''O drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade".

                  Diante desse quadro dantesco, miserável (não conheço nada mais violento e miserável que a pobreza espiritual – falência múltipla das virtudes–) convido o leitor a pensar:
a) Não ficas com vergonha de teu (tua) eleito (a) ou do (a) postulante a um cargo a partir de procuração plena por ti outorgada nas urnas, quando o (a) flagras de quatro pelos bochichos, antros de jogatina ou outros lugares de ajuntamento de público arrastando sua pequenez, nunca o (a) encontrando em um lugar de frequência e de convivência mais civilizada?
b) O que pensas da tua escolha quando entras na página pessoal que o (a) distinto (a) eleito (a) ou candidato (a) mantém nas redes sociais e te deparas com a imagem de que fazias do (a) mesmo (a) se desfazendo ou se putrefazendo em postagens escabrosas, tenebrosas, doentias?
(c) Que dizes quando teu (tua) escolhido (a) calunia, injuria, acusa sem provas, não respeitando credo cor, sexo, doença, familiares, transformando o cenário eleitoral numa encenação reles, bem adequada a sua biografia desprovida de valores e princípios que devem nortear quem pleiteia nosso aval, para nos representar e administrar nossas aspirações e a coisa pública que é de todos e para todos?
d) Claro que já te arrependeste do teu voto (já aconteceu comigo e não foi somente uma vez), então verifica quem o (a) causador (a) do teu arrependimento, da tua frustração, da tua tristeza, está apoiando nesta eleição. Assim, vamos dirigir a arma certeira do nosso voto (temos autoridade moral para decidir), somos donos do nosso destino para escolher alguém mais adequado ao nosso comportamento e aos nossos anseios. Vamos votar pelo futuro que queremos para nossos filhos e netos, de forma que se orgulhem por não termos sido omissos na hora de decidir o que é melhor para um tempo novo e digno, por decidirmos com serenidade e firmeza por um porvir mais humano. Vamos decidir de forma que as nossas ações e escolhas não venham macular o legado de nossos antepassados, nem comprometer o futuro de nossos descendentes.
                   Feitas estas considerações, proponho: – Não vamos esperar uma estrita “liturgia do cargo” ao escolher nosso (a) candidato (a), pois é penoso para muitos (as).Vamos exigir só uma postura adequada à função pública.Vamos exigir apenas respeito e conduta ilibada. Só isso!!!



domingo, 18 de setembro de 2016

EM CAMPANHA




                                    Tempos de campanha política, de quatro em quatro anos abre-se a Caixa de Pandora e todas as desgraças saem a campo, para barafundar as idéias daqueles que tentam escolher, entre todas as opções, uma ao menos que seja do bem e de bem, tarefa difícil que exige muito cuidado e atenção nas caras que se apresentam e no que dizem, mas se focalizarmos devidamente, todos tem uma história que é suficiente para nossa análise e outros (as) nem história tem e se tem esta não recomenda e então o que parecia difícil já fica mais fácil.
                                     Era uma festa dessas que ocorrem uma ou duas vezes por ano no mesmo lugar, promovida pela mesma entidade e que convencionamos chamar de “comunitária”.Tudo corria bem mas de repente apareceram os políticos na caça do voto dos incautos,uns são habituais dessas festas outros só aparecem em época de campanha e aí podemos observar algumas barbaridades.
                          Uma senhora sem tradição política, sem história, sem eira nem beira, de repente viu-se candidata e apareceu numa dessas festas.  Lá pelas tantas resolveu fazer um périplo pelas mesas atrapalhando a conversa e a refeição das pessoas na “infrutífera busca do voto” e muito mais para mostrar-se candidata, já que mais nada tinha para mostrar .Obviamente, como ideias nunca teve, não tem e não terá,para  justificar a candidatura e a parceria,começou a falar de lunáticas e visionárias perseguições e mais um rosário de bobagens que costumam  falar “os perseguidos” (essa no caso sofre da perseguição natural de ser ela mesmo) e logicamente como não tem cérebro,argumento,historicidade(cabeça vazia,despreparada) resolveu assacar algumas injurias,calunias contra uma ou duas pessoas, de extrato moral e social muito mais elevado,até que um dos interlocutores que a incauta e maleva senhora não conhecia bem lhe obstou:
                           -“ A Senhora está falando mal da minha tia e isso eu não admito!!!”
                         A cara de bestunta (cara natural) que a dita fez e uns resmungos de desculpas compõem um momento único, impagável, a consagração de quem viu e ouviu, afinal não é todo dia que se presencia uma torpe figura, uma malabruja conhecida e definida entrar numa fria  dessas até porque destilava seu veneno,sua pequenez,sua falta de caráter contra pessoa honrada,limpa,competente,decente com biografia respeitada e comprovada.Assacava sua desfaçatez contra figura diametralmente oposta à sua exatamente como a treva tenta se antepor à luz!
                           Quem tem dignidade fala pelos seus atos e não precisa se defender de ataques de gente que vem e vai para o submundo ao qual se destinam os pobres de espírito, os maus, gente baixa, sem ética, sem nem um traço na trajetória que os recomende. Quem tem dignidade tem quem lhe defenda sem que precise pedir, diferente de quem chafurda na lama política, por cargos, por ascensão social, por visibilidade quando já se fez visível até demais por protagonizar uma caminhada nada edificante.
                           Ao eleitor cabe discernir quando está diante de um(a) chibungo(a)um (a) safado(a), uma imundície rastaquera que não tem o que propor além de culpar outros pelo fracasso de vida que ela mesmo construiu mercê de sua própria incompetência, de sua própria inaptidão, da sua falta de  estofo para um convívio sociocultural mais elevado que requer o trato da “coisa pública”.

                            Assim como essa “senhora” andam muitos por aí tentando esbulhar seu voto com chicanas de todo tipo, e assim, como aqueles que foram atacados injustamente e criminosamente  por ela outros e talvez o(a) senhor(a) caro(a) leitor(a)também esteja sendo agredido sem saber porque desde muito tempo sabemos da inveja que a árvore seca tem das árvores que florescem e frutificam.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

A CAPELA DE ROSSLYN





A CAPELA DE ROSSLYN
Moisés Silveira de Menezes
I
O olhar primeiro não vê
Não se lê mesmo que enxergue
De plano não se decifra
Pode ouvir, mas não entende.
Enigmas não são perguntas
Respostas são para quem anda
Pelos meandros da pedra
Buscando ser e saber.
Códigos, símbolos, marcas
Linguagem para bem poucos
Para conhecer bastam livros
Para saber, tempo e estrada.

II
Mistérios, verdade oculta
Explica-se por ser mistério
Invisíveis véus os guardam
Interrogações, segredos,
Remoto e lento caminho
No rumo das inquietudes.
Aprendiz de vida inteira
Sabe que os véus são portais.
Deles, sabe o peregrino
Enigmas, dúvidas, mistérios
Assim se constrói o mundo
Muito mais que de certezas.


III

Que houve nesse interregno?
Como andaram esses séculos?
O lapso temporal
Quatrocentos longos anos
Final da Ordem Templária
Fundação da Grande Loja.
Os  homens chegam e partem
Ideais cruzam os tempos.
Artes , signos, sinais
Dizem que nada findou
Na linha Rosa a Capela
Guarda secretas verdades.

IV

O oculto em seu mister
Aplaca a sede do andante
Três colunas e a mais bela
Mais ricamente adornada
Justamente a do Aprendiz.
Ouvida a voz interior
Desfaz-se o véu do mistério
É mestre aquele que entende
Ser um Eterno Aprendiz
O templo do Grande Rei
Transfigura-se na Capela
E aponta rumo e visão.
V
Tessitura muito antiga
Conduz a sabedoria
Do Grande Rei a Payens
De Payens a nossos dias
Magistral engendramento
Sinaliza templos e saberes
De Herodes e Salomão
A Celestial Jerusalém
Que visionara Ezequiel
Na Capela de Rosslyn
Síntese Justa e Perfeita
Da Sublime Arquitetura.

VI
Um Triplice Tau perfeito
No desenhar dos pilares
A Chave para o Tesouro
Lugar da Jóia Guardada
Talvez o próprio tesouro.
Do gaélico se traduz
Antigo conhecimento
Saint Clair transgrediu o tempo
Ontem, hoje, amanhã
Transmutam ser e saber
Relicário atemporal
De lendários manuscritos.


VII


No Arco Fronteiro inscrita
Ritual do Livro de Esdras
Encaminha ao Real Arco.
Zorobabel decifrara
Nos ensina o Cavaleiro
Que passou na Babilonia:
-Meu irmão o vinho é forte
Um rei é muito mais forte
A mulher mais forte ainda
Mas paira acima de tudo
Sobranceira, soberana
A Luz Maior da Verdade!!!