quarta-feira, 7 de novembro de 2012

INESQUECÍVEIS!!!



INESQUECÍVEIS!!!
Moisés Silveira de Menezes

        
Fui instado, solicitado ou estimulado - dependendo do olhar do leitor - a escrever sobre professores inesquecíveis. Existem? Existiram? Durante o processo de reflexão que antecede o ato de escrever, deparei-me com um texto de Paulo Geraldo que acabou por comprovar-me:  existem os professores inesquecíveis e eles são muitos e andejam por aí no anonimato.              
       O fragmento  textual de  Paulo Geraldo, que  transcrevo a seguir, me  deixa  na obrigação de  retirar alguns  professores  do anonimato que a história lhes dedicou:             
       “No passado do poeta que escreveu versos sublimes, há quase de certeza um professor que o obrigou a exercitar-se na sintaxe, que o forçou a corrigir vezes sem conta frases mal escritas, que ralhou com ele quando se desleixava. Na juventude daquele que escreveu uma bela sinfonia houve muito possivelmente uma professora, talvez já velhota, que lhe explicou cem vezes, pacientemente, qual era a forma correta de colocar as mãos quando se sentava ao piano.O poeta e o músico tiveram o seu nome escrito na História, mas ninguém recorda quem foram os seus mestres. No entanto, há uma beleza imensa nesse passar despercebido, nesse ter rasgado as mãos ao trabalhar nos escuros alicerces de um mundo melhor. Uma beleza que só é apreciada pelas grandes sensibilidades, como são as daquelas pessoas que se dedicaram de corpo e alma à educação. Uma boa parte da humanidade prefere aquilo que dá nas vista ou produz frutos imediatos...”                         
     Fala-se muito em método, abordagem adequada, moderna, humanista, mas vou falar de professores como mestres que me conduziram até aqui, sem me preocupar com a escola pedagógica a qual pertenciam ou se filiavam.
           As primeiras professoras foram maternais e por isso firmes, convincentes, ternas e dedicadas, não raro delicadas e sobretudo com postura de educadoras e, por favor, não me peçam para explicar o que é postura de professores, é inadequado demais para o texto que apenas se propõe a viajar pelo campo das lembranças.  Acredito que hoje com a proliferação de cursos e de pensadores em educação, todos saibam o que é, entretanto se não souberem, posso afirmar que a Lucia Regina, a Leda, a Gilca , a Dileta, a Nevina e a Mirian, lá no distante e sempre presente Grupo Escolar Joaquim Nabuco, na lendária Tupanciretã, sabiam muito bem e talvez não por isso, mas também por isso se tornaram absolutamente inesquecíveis.                  
       Depois da aprovação na temida Admissão ao Ginásio (o primeiro vestibular da nossa vida), adentramos a Escola Estadual Mãe de Deus e aí foi um rebuliço danado: um professor para cada matéria, entreveros de cadernos e livros. Então surge a professora Vânia, elegante, muito bonita e com sua bem apresentável sacola mágica (espécie de sala de recursos pedagógicos portátil) de onde saiam esquadros, réguas, compassos e talvez até uma varinha de condão, na tentativa de nos ensinar os caminhos da arte, do belo e o tão sonhado campo afetivo sendo estimulado e trabalhado para somar-se ao cognitivo no rumo de uma aprendizagem completa.
        Inesquecível!! A habilidade do Paulo Couto enchendo o quadro negro com uma fantasmagórica equação do segundo grau, a qual ia dissecando de forma clara e concisa (matemática tem que ter claritude e concisão), dissipando os fantasmas euclidianos, pitagóricos e outros tantos que habitavam os abissais da matéria.
       Que falar das provas do Nestor Mantese? Uma folha de papel almaço para quatro equações “sangiorgianas” e “quintelanas” valendo dois e meio pontos cada uma. Como aprendemos e não ficamos traumatizados com esses métodos tão arcaicos e antiquados?
    E o Arthur Bisso? Como os antigos gregos, professor de matemática com jeito de poeta! Com muita facilidade, calma e bom humor nos inseria no intricado mundo dos números.Parecia por vezes que não estava ali, parecia por instantes que voava para outros lugares, mas quando precisávamos, estava sempre por perto para o necessário socorro naquela babel de números.
         A Odila Teixeira foi uma abnegada orientadora pela árdua estrada dos números. Competente, dedicada e exigente, mais tarde acabou sendo uma querida e fraterna amiga, mercê dos Encontros Literários da Aldeia.
           “Alons enfants de la Patrie,/le jour de gloire est arrivé !/contre nous de la tyrannie !/L’étendard sanglant est levé.....”. E lá vem a professora Gládis Veríssimo, elegante como Josephine, imponente como Dumouriez, mais exigente e disciplinadora que Bonaparte e, por mais incrível que possa parecer,muito moderna,muito avançada para sua época.Suas aulas eram participativas,muito musicais e como nada fixa mais que uma imagem, uma canção ou um poema, ainda hoje guardo alguns versos de uma velha canção romântica que costumava cantar conosco: “Fenetre ouverte/On écoutait le bruit des vagues/Des vagues vertes qui se brisaient sur le rivage/On restait là les yeux fermés sans se parler/Comme ayant peur que ce bonheur ne soit pas vrai/On aurait dit une chanson, le bruit des vagues...”
              O Diniz e o seu radiante “Good Morning Class!” na entrada da aula. Irrequieto, abnegadamente até os limites dos costumeiros estresses insistindo para que adquiríssemos uma segunda língua o que se faria quase indispensável pouco tempo depois.
         A professora Sônia, uma vez por semana, aparecia do alto da sua beleza e elegância  com sua geografia. Quase hermética, encantou-nos com seus relevos, curvas e meandros.
          Outros professores conviveram conosco por espaço de tempo menor : o Carbone, o Ataíde, o Carlos Bento,  o Dario, o tio Dega,a Vanir a Mariângela; todos fundamentais na composição e formatação do carácter e da consciência dos homens e mulheres que nos tornamos. A escola foi e sempre será a sementeira dos cidadãos de bem, dos construtores de um tempo novo, mais justo e melhor para se viver.
               Muitos foram fundamentais nas turmas ao lado, mas foram marcantes e inesquecíveis também para nós. A escola é uma grande família que converge para o maior bem  que conhecemos:formar  cidadãos para transformarem a sociedade visando o bem coletivo,a felicidade comum.

                Nesse capítulo contamos com a alegria, o bom humor e a irrequietude do Tamoio, a bondade e a ternura das professoras:Iolanda,Nara Pagel,  Eunice Bañolas,Gisela Irion,Therezinha,Maria Eulália e Nilva.Contamos também com o civismo vibrante da professora   Ulânia e as surpresas do Professor Antônio.
A professora Iolanda trazia a história via Borges Hermida e outros ,bem explicada e bem cobrada, com provas de poucas questões e longas respostas, sendo que algumas até hoje ainda são lembradas .

             Uma  ficou poucos dias,  tempo suficiente para nos dar como tarefa de aula uma redação com o criativo e profundo título:-Se Eu Pudesse...Reza a lenda que ao final da aula saiu com umas dez redações que começavam invariavelmente assim;-Se eu pudesse contigo casar....Não a vimos mais depois disso.
           Quem não lembra do Barraquine? Que a mim parecia habitar o Ginásio de Esportes, sempre fardado a rigor, na espera dos alunos para as animadas sessões de Educação Física que sempre estavam planejadas, mas sempre poderiam mudar dependendo de uma boa conversa.
       O professor Agostinho, a fleuma e a elegância para nos conduzir pelo mundo encantado das ciências,nos apresentando a Esquálida Catarina que ficou tão famosa e querida e ainda hoje auxilia os Alunos da Mãe de Deus a conhecerem seu próprios corpos. Foi  também vice -diretor da Escola e excelente parceiro para uma partida de voleibol ,esporte em que era um atleta diferenciado.
         A Física era o campo do professor Abigail. Nos falava de Newton, dos corpos e seus lugares no espaço e recheava tudo isso com notícias da Europa, notadamente do automobilismo com destaque para as famosas 24 horas de Le Mans.
         Para os que, como eu, eram artistas da Banda Bridi, a professora Vera Mardini foi um exemplo de amor à arte, à escola e aos alunos. Exigente, carinhosa, incansável, tudo a seu tempo, no mister  de representarmos nossa escola, orgulhosos em nossos uniformes  e do nosso mundo particular, a música! Claro que havia o ônus de  enfrentarmos o mau humor constante do seu monitor Jurandir, o Chumbo, mas até esse decantado mau humor serviu muito para a construção dos seres humanos que hoje somos.
        Skinner seria chamado e decomposto em ideias para classificar alguns de meus professores inesquecíveis, como a professora Iolanda que verbalizava as causas, porquês e consequências dos fatos históricos, com tal propriedade que parecia ter estado presente aos acontecimentos.Fiel ao modelo da época, nada de marcar com cruzinha (sim, a famigerada já estava chegando para assinalar a sepultura do raciocínio escrito), eram poucas e exaustivas questões de argumentação ou de responder por escrito. Pode parecer inapropriado, cansativo e antipedagógico aos pensadores de hoje, mas que nós aprendemos é um fato e fatos são fatos, falam por si.         
       Uma imensa lista de sufixos, prefixos e radicais greco-latinos me lembra a professora Isolda, formação das palavras, produção de textos, à época, a temida e lendária composição.
        Estilo tradicional, participação estimulada e controlada, respostas curtas e secas para as impertinências da idade e a matéria, num crescendo quase assustador, sendo cobrada e bem cobrada, sabia tudo e transmitia melhor ainda.                                 
      Português lembro ainda era cátedra do professor Orlando com seus livros de linha Marista e sua tranquilidade franciscana. Esse me iniciou literariamente ao incentivar-me a escrever cem vezes “Não devo comer bergamotas na sala de aula”, texto que foi modificado logo após meu habeas corpus civilizado (acolhido em parte) afirmando ser limão a fruta que eu estava comendo.     
       Que dizer do austero, diligente e competente professor Balbinot? Quase pré-Skinner, quem sabe até pavloviano, diriam, fosse analisado aos olhos de hoje, mas que nos ensinou a navegar pelos meandros e labirintos da tão querida Língua Pátria.
                Esse era o mundo da sala de aula, mas existia o pátio, os corredores, os cantos, as escadarias  e aí reinava a nossa bedel Elenita, que vigilava esses espaços com muita propriedade a fim de trazer para a linha os pequenos deslizes e encaminhar à direção os mais complexos.
        Por falar em direção, a Dona Noeli Mardini exercia a função com seu estilo de conciliadora nata, com um seu jeito de avó com idade de mãe. Nunca a vi penalizar um aluno sem tentar os meios do convencimento, da conversação. Por alguns momentos, foi mais próxima de nossa turma que alguns professores, daí a explicação, talvez, para o imenso carinho que sempre tivemos por ela.  

       E foi por aí, na fantástica Terra da Mãe de Deus, entre esses inesquecíveis mestres, que aprendi uma lição para toda a vida: Escrever exige introdução, desenvolvimento e conclusão. E no meio? Recheia-se com aquilo que a vida ensinar e, como bem aprendi e disso faço uso quase diário. Creio deva ficar por aqui, embora muito ainda possa ser dito sobre e para Professores Inesquecíveis!



                                     Moisés Silveira de Menezes

terça-feira, 6 de novembro de 2012

6º MANANCIAL DEFINE CONCORRENTES


                 

                    Definidas, no final de semana que passou as 16 músicas concorrentes no 6º Manancial Missioneiro da Canção, que acontecerá de 14 a 16 de dezembro na cidade de Bossoroca.

                    São estas as musicas classificadas 

DAS CIRANDAS DO MEU TEMPO
Autores: Romulo Chaves / Xuxu Nunes
Ritmo:Milonga
RASGANDO A POLVADEIRA
Autores: Diego Muller / Wilson Vargas
Ritmo: Vanera
DE LENÇO, BOTA E BOMBACHA
Autor: Alex Casanova
Ritmo: Vanera
OLHARES IMORTAIS
Autores: Milton Berving / Francisco Neto / Claudio Vargas
Ritmo: Chamarra
UMA COPLA A BOSSOROCA
Autores: Joserley Portela
Ritmo: Chamarra
PAISAGENS MISSIONEIRAS
Autores: Binho Pires / Erlon Péricles
Ritmo: Chamarra
CAMINANDO LENTO
Autor: Nestor Raul Dias
Ritmo: Chamamé
ANTIGAS IMAGENS
Autores: Sergio Seitenfus / Flavio Campos Sartori
Ritmo: Chamamé
A ALMA DO PAJADOR
Autores: Binho Pires / Erlon Péricles
Ritmo: Canção
MISSIONEIRO COURO CRÚ
Autores: João Sampaio / Renato Fagundes
Ritmo: Milonga
CHE PURAHEI MISSIONEIRO
Autor: Amigo Souza
Ritmo: Rasguido doble
DESTINO NO VENTRE
Autores: Fabio Prates / Mauro Dias
Ritmo: Chamamé
QUANDO CANTA UM LIBERTO
Autores: Moises S. Menezes / Eri Cortes
Ritmo: Chamamé
FUNERAL DAS ESPORAS
Autores: Henrique Aguirre / Henrique Fernandes
Ritmo: Chamamé
QUANDO O VERSO PERDE A DOMA
Autores: Mauro Dias / Ita Cunha
Ritmo: Rancheira
MILONGA DE UM REENCONTRO
Autores; Carlos Alberto Dahmer / AntonioOlesiak
Ritmo: Milonga

domingo, 4 de novembro de 2012

114.º ANIVERSÁRIO DA LOJA MAÇÔNICA REMANSO


                     
    
    Os historiadores e pesquisadores maçônicos, normalmente, dividem a história da Maçonaria em três períodos:
Maçonaria Primitiva;
Maçonaria Operativa; e
Maçonaria Especulativa.
           A Maçonaria Primitiva, ou "Pré-Maçonaria", segundo André Chedel, citado por Vanildo Senna em "Fundamentos Jurídicos da Maçonaria Especulativa", abrange todo o conhecimento herdado do passado mais remoto da humanidade até o advento da Maçonaria Operativa e, por sua vez, é dividida em nove fases sucessivas, a saber:
Mistérios Persas e Hindus;
Mistérios Egípcios;
Mistérios Gregos dos Cabires;
Mistérios Gregos de Ceres ou Demeter;
Mistérios Judaicos de Salomão;
Mistérios Gregos de Orfeu;
Mistérios Gregos de Pitágoras;
Mistérios dos Essênios; e
Mistérios Romanos.
          A Maçonaria Operativa, que se estende por toda a Idade Média e a Renascença e termina com a fundação da Grande Loja de Londres, compreende a história dos operários medievais, construtores de basílicas, catedrais, igrejas, abadias, mosteiros, conventos, palácios, castelos, torres, casas nobres, mercados e paços municipais. Por vezes protegidos pelos Papas e deles dependentes, os Maçons operativos eram essencialmente católicos.
            A fundação da Grande Loja de Londres, determina, portanto, o fim da Maçonaria Operativa e marca o início do terceiro período da história da Maçonaria, a Maçonaria Especulativa ou Maçonaria dos Aceitos ou, ainda, como disse Nicola Aslan, "da Maçonaria em seu aspecto atual de associação civil, filosófica e humanitária".
             Sobre a transformação da Maçonaria Operativa em Maçonaria Especulativa, diz-nos Vanildo Senna:
"A esta transformação os ingleses dão a denominação de Revival, que significa renovação, renascimento, datando-a de 1717. O adjetivo "especulativo" só foi aplicado aos Maçons "Aceitos" em meados do século XVIII. Esta denominação de "especulativo" era dada, no século XVII, a toda pessoa propensa à contemplação e à meditação. O "especulativo" era o idealista e não o homem de ação ou profissional. Eram homens cultos, naturalistas, eruditos e historiadores."
Com a transformação da Maçonaria Operativa em Maçonaria Especulativa surge, no ano de 1723, a primeira Constituição Maçônica, elaborada pelo Irmão Reverendo James Anderson para uso da Grande Loja de Londres. A partir de então a Maçonaria adotava uma forma de organização política que deveria conservar daí por diante.
            Atualmente a Maçonaria Especulativa conhece dois sistemas de organização política: o Sistema Obediencial Grande Loja e o Sistema Obediencial Grande Oriente, cada um com suas características próprias que os distinguem um do outro.
                 O Sistema Obediencial Grande Oriente compreende as Potências ou Obediências Maçônicas Simbólicas constituídas e organizadas à forma de governo do estado democrático em que "todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido", tendo Poder Executivo, exercido por um Grão Mestre, Poder Legislativo, representado por uma assembléia constituída de representantes das Lojas jurisdicionadas, e o Poder Judiciário, todos "distintos e harmônicos entre si".
             O Sistema Obediencial Grande Loja - o mais difundido pelo orbe terrestre - engloba as Potências ou Obediências Maçônicas Simbólicas cujas constituições se moldam na forma de organização política adotada pela maçonaria inglesa; pela Grande Loja Mãe da Inglaterra. A chefia do governo da fraternidade nas Grandes Lojas é confiado a um Grão-Mestre e os poderes legislativo, administrativo e litúrgico a uma Grande Loja ou Assembléia Geral da Fraternidade constituída pelos Veneráveis e Vigilantes das Lojas a elas jurisdicionadas.

                Apesar da maçonaria estar presente no Brasil desde a Inconfidência Mineira no final do século XVIII, a primeira loja maçônica brasileira surgiu filiada ao Grande Oriente da França, sendo instalada em 1801 no contexto da Conjuração Baiana. A partir de 1809 foram fundadas várias lojas no Rio de Janeiro e Pernambuco e em 1813 foi criado o primeiro Grande Oriente Brasileiro sob a direção de Antonio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva.

          A lusofobia tão presente nos movimentos de emancipação, também caracterizava a maçonaria brasileira, que desde seus primórdios não aceitava se submeter ao Grande Oriente de Lisboa.

           Como em toda América Latina, no Brasil a maçonaria também se constituiu num importante veículo de divulgação dos ideais de independência, sendo que em maio de 1822 se instalou no Rio de Janeiro o Grande Oriente Brasiliano ou Grande Oriente do Brasil, que nomeou José Bonifácio de Andrada e Silva o primeiro grão-mestre da maçonaria do país.

             Com D. Pedro I no poder, o Grande Oriente do Brasil foi fechado, ressurgindo apenas com a abdicação do imperador em 1831, novamente com José Bonifácio de Andrada e Silva como  grão-mestre.

          No Rio Grande do Sul, sua instalação se deu na década de1830, mas foi na segunda metade do mesmo século que a instituição se consolidou e se expandiu. A sua influência nesta parte do Brasil se vinculou especialmente ao campo dos posicionamentos liberais e cientificistas dos quais foi uma das receptadoras e divulgadoras. Esses correspondiam também à adesão da maçonaria gaúcha à vertente conhecida como latina e que foi hegemônica no restante do Brasil do século XIX. Assim, os posicionamentos abertamente políticos e anticlericais desenharam em muito a presença maçônica na vida social gaúcha, de tal modo que, mesmo que de forma genérica e muitas vezes superficial, os homens ilustrados adeptos da maçonaria combateram o clericalismo na sua versão ultramontana e, principalmente, os jesuítas, considerados os grandes inimigos do progresso e das luzes. Enfim, na segunda metade do século XIX, os pedreiros-livres gaúchos, integrantes da elite regional, participaram ativamente da vida política, social e cultural quando da defesa da laicização da sociedade brasileira, principalmente na luta pela separação Estado e Igreja, confirmada em 1889.
            A data que hoje reverenciamos remete ao apagar das luzes do século IXX, especificamente ao dia  27 de Outubro de 1898,quando é fundado na freguesia de São Pedro, Integrante do 3º distrito de Santa Maria, o Triangulo Maçônico "REMANSO", mais tarde denominada Augusta e Respeitável Loja Maçônica "Remanso", "uma associação maçônica do Rito Escocês Antigo e aceito constituída sob os . auspícios do Grande Oriente do Brasil. Sua regularização se deu no dia 25 de fevereiro de 1899. Assinaram o Regulamento Particular da Loja, o Venerável Rodolfo Ehler, o 10 Vigilante Joao Hypólito· de Oliveira, o 2° Vigilante Oscar Bender, o orador Torquato Mâncio de Souza, o· Secretario Joao Borges Noetckel e o Chanceler Joao Domingues Flores. Logo em seguida a sua fundação os obreiros da Loja "Remanso" adquiriram por compra um terreno central (na hoje rua Expedicionário Almeida, nº! 879}medindo, conforme a escritura, 13,90m frente por 65,50m de fundos e com :seus próprios recursos construíram o Primeiro Templo medindo 9,20m de frente por 22m de fundos.
          É uma das  mais antigas entidades de São Pedro do Sul em atividade, mais antiga que a própria cidade, a qual  fez nascer pelo trabalho dedicado de seus obreiros e impulsionou na senda do progresso até nossos dias continua labutando anonimamente no árdua e prazeroso mister de construir um tempo melhor projetando uma sociedade justa e perfeita para nossos concidadãos           -“Viver cem anos é ver o mundo mudar” e as colunas que sustentam esse templo há mais de um século  viram, vêm , fizeram e fazem o mundo a sua volta mudar, de tal modo que a história de São Pedro do Sul se identifique com 114 anos de obra maçônica.
                Também se faz necessário lembrar que o ano vindouro marcará 20 anos do reerguimento de nossas colunas que durante determinado espaço de tempo estiveram abatidas pelas vicissitudes que ao longo do tempo acometem contra as instituições voltadas a produzir o bem.
                 Meus irmãos se por um lado devemos nos orgulhar do templo ao qual
 somamos nosso labor. Se é justo que estejamos com a alma em festa ,posto que
 a historia desse templo e de seus construtores se faz também nossa história, de
 outro modo isso representa uma grande responsabilidade perante o momento his-
tórico de nossa sociedade e um compromisso moral com os obreiros do amanhã,
aqueles que nos sucederão sustentando as colunas desse centenário templo de
 virtude, aqueles ao quais temos obrigação de deixar um legado de honra de-
 ética e profundo amor a Pátria.
              Que o GADU nos ilumine na construção de uma Pátria mais justa e mais
 perfeita dentro dos sagrados ditames da ética e dos bons costumes e que também
abençoe nossa Augusta Respeitável e Centenária Loja Simbólica Remanso pelo
tempo que julgar que seus obreiros caminham e se orientam pelos princípios
 da verdade ,da justiça e da fraternidade erguendo templos a virtude e cavando
 masmorras ao vicio….




                        São Pedro do Sul 29 de Outubro de 2012


                                     Moisés Silveira de Menezes