domingo, 4 de novembro de 2012

114.º ANIVERSÁRIO DA LOJA MAÇÔNICA REMANSO


                     
    
    Os historiadores e pesquisadores maçônicos, normalmente, dividem a história da Maçonaria em três períodos:
Maçonaria Primitiva;
Maçonaria Operativa; e
Maçonaria Especulativa.
           A Maçonaria Primitiva, ou "Pré-Maçonaria", segundo André Chedel, citado por Vanildo Senna em "Fundamentos Jurídicos da Maçonaria Especulativa", abrange todo o conhecimento herdado do passado mais remoto da humanidade até o advento da Maçonaria Operativa e, por sua vez, é dividida em nove fases sucessivas, a saber:
Mistérios Persas e Hindus;
Mistérios Egípcios;
Mistérios Gregos dos Cabires;
Mistérios Gregos de Ceres ou Demeter;
Mistérios Judaicos de Salomão;
Mistérios Gregos de Orfeu;
Mistérios Gregos de Pitágoras;
Mistérios dos Essênios; e
Mistérios Romanos.
          A Maçonaria Operativa, que se estende por toda a Idade Média e a Renascença e termina com a fundação da Grande Loja de Londres, compreende a história dos operários medievais, construtores de basílicas, catedrais, igrejas, abadias, mosteiros, conventos, palácios, castelos, torres, casas nobres, mercados e paços municipais. Por vezes protegidos pelos Papas e deles dependentes, os Maçons operativos eram essencialmente católicos.
            A fundação da Grande Loja de Londres, determina, portanto, o fim da Maçonaria Operativa e marca o início do terceiro período da história da Maçonaria, a Maçonaria Especulativa ou Maçonaria dos Aceitos ou, ainda, como disse Nicola Aslan, "da Maçonaria em seu aspecto atual de associação civil, filosófica e humanitária".
             Sobre a transformação da Maçonaria Operativa em Maçonaria Especulativa, diz-nos Vanildo Senna:
"A esta transformação os ingleses dão a denominação de Revival, que significa renovação, renascimento, datando-a de 1717. O adjetivo "especulativo" só foi aplicado aos Maçons "Aceitos" em meados do século XVIII. Esta denominação de "especulativo" era dada, no século XVII, a toda pessoa propensa à contemplação e à meditação. O "especulativo" era o idealista e não o homem de ação ou profissional. Eram homens cultos, naturalistas, eruditos e historiadores."
Com a transformação da Maçonaria Operativa em Maçonaria Especulativa surge, no ano de 1723, a primeira Constituição Maçônica, elaborada pelo Irmão Reverendo James Anderson para uso da Grande Loja de Londres. A partir de então a Maçonaria adotava uma forma de organização política que deveria conservar daí por diante.
            Atualmente a Maçonaria Especulativa conhece dois sistemas de organização política: o Sistema Obediencial Grande Loja e o Sistema Obediencial Grande Oriente, cada um com suas características próprias que os distinguem um do outro.
                 O Sistema Obediencial Grande Oriente compreende as Potências ou Obediências Maçônicas Simbólicas constituídas e organizadas à forma de governo do estado democrático em que "todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido", tendo Poder Executivo, exercido por um Grão Mestre, Poder Legislativo, representado por uma assembléia constituída de representantes das Lojas jurisdicionadas, e o Poder Judiciário, todos "distintos e harmônicos entre si".
             O Sistema Obediencial Grande Loja - o mais difundido pelo orbe terrestre - engloba as Potências ou Obediências Maçônicas Simbólicas cujas constituições se moldam na forma de organização política adotada pela maçonaria inglesa; pela Grande Loja Mãe da Inglaterra. A chefia do governo da fraternidade nas Grandes Lojas é confiado a um Grão-Mestre e os poderes legislativo, administrativo e litúrgico a uma Grande Loja ou Assembléia Geral da Fraternidade constituída pelos Veneráveis e Vigilantes das Lojas a elas jurisdicionadas.

                Apesar da maçonaria estar presente no Brasil desde a Inconfidência Mineira no final do século XVIII, a primeira loja maçônica brasileira surgiu filiada ao Grande Oriente da França, sendo instalada em 1801 no contexto da Conjuração Baiana. A partir de 1809 foram fundadas várias lojas no Rio de Janeiro e Pernambuco e em 1813 foi criado o primeiro Grande Oriente Brasileiro sob a direção de Antonio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva.

          A lusofobia tão presente nos movimentos de emancipação, também caracterizava a maçonaria brasileira, que desde seus primórdios não aceitava se submeter ao Grande Oriente de Lisboa.

           Como em toda América Latina, no Brasil a maçonaria também se constituiu num importante veículo de divulgação dos ideais de independência, sendo que em maio de 1822 se instalou no Rio de Janeiro o Grande Oriente Brasiliano ou Grande Oriente do Brasil, que nomeou José Bonifácio de Andrada e Silva o primeiro grão-mestre da maçonaria do país.

             Com D. Pedro I no poder, o Grande Oriente do Brasil foi fechado, ressurgindo apenas com a abdicação do imperador em 1831, novamente com José Bonifácio de Andrada e Silva como  grão-mestre.

          No Rio Grande do Sul, sua instalação se deu na década de1830, mas foi na segunda metade do mesmo século que a instituição se consolidou e se expandiu. A sua influência nesta parte do Brasil se vinculou especialmente ao campo dos posicionamentos liberais e cientificistas dos quais foi uma das receptadoras e divulgadoras. Esses correspondiam também à adesão da maçonaria gaúcha à vertente conhecida como latina e que foi hegemônica no restante do Brasil do século XIX. Assim, os posicionamentos abertamente políticos e anticlericais desenharam em muito a presença maçônica na vida social gaúcha, de tal modo que, mesmo que de forma genérica e muitas vezes superficial, os homens ilustrados adeptos da maçonaria combateram o clericalismo na sua versão ultramontana e, principalmente, os jesuítas, considerados os grandes inimigos do progresso e das luzes. Enfim, na segunda metade do século XIX, os pedreiros-livres gaúchos, integrantes da elite regional, participaram ativamente da vida política, social e cultural quando da defesa da laicização da sociedade brasileira, principalmente na luta pela separação Estado e Igreja, confirmada em 1889.
            A data que hoje reverenciamos remete ao apagar das luzes do século IXX, especificamente ao dia  27 de Outubro de 1898,quando é fundado na freguesia de São Pedro, Integrante do 3º distrito de Santa Maria, o Triangulo Maçônico "REMANSO", mais tarde denominada Augusta e Respeitável Loja Maçônica "Remanso", "uma associação maçônica do Rito Escocês Antigo e aceito constituída sob os . auspícios do Grande Oriente do Brasil. Sua regularização se deu no dia 25 de fevereiro de 1899. Assinaram o Regulamento Particular da Loja, o Venerável Rodolfo Ehler, o 10 Vigilante Joao Hypólito· de Oliveira, o 2° Vigilante Oscar Bender, o orador Torquato Mâncio de Souza, o· Secretario Joao Borges Noetckel e o Chanceler Joao Domingues Flores. Logo em seguida a sua fundação os obreiros da Loja "Remanso" adquiriram por compra um terreno central (na hoje rua Expedicionário Almeida, nº! 879}medindo, conforme a escritura, 13,90m frente por 65,50m de fundos e com :seus próprios recursos construíram o Primeiro Templo medindo 9,20m de frente por 22m de fundos.
          É uma das  mais antigas entidades de São Pedro do Sul em atividade, mais antiga que a própria cidade, a qual  fez nascer pelo trabalho dedicado de seus obreiros e impulsionou na senda do progresso até nossos dias continua labutando anonimamente no árdua e prazeroso mister de construir um tempo melhor projetando uma sociedade justa e perfeita para nossos concidadãos           -“Viver cem anos é ver o mundo mudar” e as colunas que sustentam esse templo há mais de um século  viram, vêm , fizeram e fazem o mundo a sua volta mudar, de tal modo que a história de São Pedro do Sul se identifique com 114 anos de obra maçônica.
                Também se faz necessário lembrar que o ano vindouro marcará 20 anos do reerguimento de nossas colunas que durante determinado espaço de tempo estiveram abatidas pelas vicissitudes que ao longo do tempo acometem contra as instituições voltadas a produzir o bem.
                 Meus irmãos se por um lado devemos nos orgulhar do templo ao qual
 somamos nosso labor. Se é justo que estejamos com a alma em festa ,posto que
 a historia desse templo e de seus construtores se faz também nossa história, de
 outro modo isso representa uma grande responsabilidade perante o momento his-
tórico de nossa sociedade e um compromisso moral com os obreiros do amanhã,
aqueles que nos sucederão sustentando as colunas desse centenário templo de
 virtude, aqueles ao quais temos obrigação de deixar um legado de honra de-
 ética e profundo amor a Pátria.
              Que o GADU nos ilumine na construção de uma Pátria mais justa e mais
 perfeita dentro dos sagrados ditames da ética e dos bons costumes e que também
abençoe nossa Augusta Respeitável e Centenária Loja Simbólica Remanso pelo
tempo que julgar que seus obreiros caminham e se orientam pelos princípios
 da verdade ,da justiça e da fraternidade erguendo templos a virtude e cavando
 masmorras ao vicio….




                        São Pedro do Sul 29 de Outubro de 2012


                                     Moisés Silveira de Menezes

Nenhum comentário:

Postar um comentário