terça-feira, 15 de outubro de 2013

OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS

                      
AS VISAGENS DE UM TEMPLÁRIO
 Rodrigo Canani Medeiros

Um cavaleiro templário
vigia a “Porta de Sangue”
onde outrora este Castelo,
de Tomar, em Portugal,
foi palco de resistência
das ofensivas mouriscas,
de califas e almóadas.

Do alto destas muralhas
o Cavaleiro de Cristo
mira longe a Estremadura
e se põe a refletir...


                     
                                                                        Jacques de Molay
                                                                      Hugo de Payens
                                                       Cavaleiros Templário


                      A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, melhor conhecida como Ordem dos Templários é uma Ordem de Cavalaria criada em 1118, na cidade de Jerusalém, por nove cavaleiros de origem francesa, entre os quais Hugo de Payens e Geoffroy de Saint-Omer, visando a defesa dos interesses e proteção dos peregrinos cristãos na Terra Santa.
                        Sob a divisa Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam (Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome daí a glória), tornou-se, nos séculos seguintes, numa instituição de enorme poder político, militar e econômico.
Inicialmente, as suas funções limitavam-se à proteção dos peregrinos que se deslocavam aos locais sagrados, nos territórios cristãos conquistados na Terra Santa, durante o movimento das Cruzadas. Nas décadas seguintes, a Ordem beneficiou-se de inúmeras doações de terra na Europa que lhe permitiram estabelecer uma rede de influências em todo o continente.
                      No dia 13 de Outubro de 1307, uma Sexta-feira, foi preparada uma armadilha à Ordem dos Templários, pelo papa Clemente V, sob pressão do Rei da França Philip IV-O Belo-Foram enviadas inúmeras missivas com o selo papal para diferentes pontos da Europa indicando que fossem abertas exatamente a uma hora.
                      O teor acusava peremptoriamente os Templários de traição à Igreja, declarando os hereges, sendo por isso da máxima importância o seu extermínio. A Ordem dos Templários foi praticamente extinta, refugiando-se um pequeno grupo nas ilhas britânicas, um outro grupo em França sobre o nome de Priorado de Sião, e em Portugal, sob guarda do Rei D. Dinis, um outro grupo de sobreviventes criou a Ordem de Cristo.
                    O massacre dos templários deu-se em  França , no dia 13 ,a uma sexta feira do ano de 1307. Esse foi de facto para os Templários um mau dia. Nascia assim o dia de todos os azares. E ainda hoje, sempre que é sexta-feira 13, acreditamos que seja um mau dia!
                      O Grão-mestre Jacques de Molay e outros três Cavaleiros do topo da hierarquia da Ordem, que num primeiro momento, sob tortura, reconheceram ter praticado estes "crimes" foram condenados à prisão perpétua. Porém, no dia da proclamação pública desta sentença, na presença dos quatro acusados, Jacques de Molay interrompeu a leitura da sentença e num discurso comovente voltou atrás e rejeitou todos crimes já reconhecidos. Tendo sido acompanhado, neste ato, por apenas um dentre os outros três cavaleiros presentes. Num processo contra heresia, que é o caso, um condenado que reconhece sua culpa e volta atrás torna-se um "herege reincidente", a partir de então ele não merece mais a absolvição da Igreja e passa para o controle da justiça secular, neste caso, o Rei da França, Filipe o Belo. Jacques de Molay e o outro cavaleiro que o acompanhou no discurso foram queimados de maneira sumária na manhã seguinte, a mando do Rei, em Paris, no ano de 1314. A fogueira ocorreu em algum lugar na atual ilha de Saint Louis ou ainda na ilha de Notre Dame.
                O julgamento dos Templários arrastou-se por anos e embora muitos dos seus membros tenham sido condenados e queimados, a ordem em si não foi considerada culpada.
                  A Ordem teve uma extinção formal através da bula papal do Concílio de Vienne, entretanto o destino prático da mesma nos diversos países onde ela se encontrava foi muito variado. Na França ela foi totalmente suprimida e seus bens móveis foram incorporados pela estrutura real, já seus bens imóveis foram transferidos, não sem muito esforço, para a Ordem dos Hospitalários (Ordem Hospitalária de São João de Jerusalém) conforme orientação direta do Papa Clemente V. O destino de seus membros não é muito claro, mas vários deles foram totalmente reintegrados à sociedade inclusive em postos de destaque.
                  Na Inglaterra, Irlanda e Escócia, o destino dos bens materiais foi ligeiramente diferente, pois o Rei da Inglaterra, que inicialmente custou a aceitar a determinação papal e a ação do rei francês, acabou por vislumbrar uma grande oportunidade de aumentar seu patrimônio. Assim, mesmo tendo tratado de maneira branda os membros da Ordem sob sua jurisdição, apossou-se dos bens da Ordem e, em grande parte, ignorou a orientação papal de transferi-los para a Ordem dos Hospitalários. Vários dos Cavaleiros e membros da Ordem Templária, muitos dos quais já fazendo parte da corte inglesa, foram aceitos e integrados aos diversos condados e ducados na Inglaterra, Irlanda e Escócia.
                  Na Península Ibérica, o resultado prático do fim da Ordem foi totalmente diferente. O Papa reconheceu um pedido dos soberanos locais de manter os bens que os Templários mantinham em seus reinados, destinando-os a outras Ordens. Em Portugal foi criada, em 1319, a Ordem de Cristo (em latim,Ordo Militiae Jesu Christi) que teve como seu primeiro Mestre o antigo Mestre Templário em Portugal e que manteve praticamente a mesma estrutura material e hierárquica da ordem anterior, porém sob controle real.
                  Nos reinos de Castela e Aragão os bens foram entregues a ordens já existentes, também ligadas aos reis locais. Vários de seus membros foram automaticamente incorporados às mesmas.
                 Na Alemanha, onde as propriedades da Ordem eram inferiores, embora seus membros tenham recebido um tratamento e julgamento dignos, seus bens foram totalmente incorporados aos Cavaleiros Teutônicos (Cavaleiros Teutônicos do Hospital de Santa Maria de Jerusalém) ou em alemão, Deutscher Ritterorden. Não se tem uma informação precisa sobre o destino de seus membros originais, porém não temos motivo para afirmar que não tenham sido aceitos entre os Teutônicos - cuja rivalidade com os Templários não era a mesma apresentada pelos Hospitalários.
               Quando os Templários passaram a ser perseguidos na França, Portugal recusou-se a obedecer à ordem de prisão dos seus membros. Na verdade os portugueses tinham os Templários em alta conta, já que ajudaram nas guerras de Reconquista que expulsaram os mouros da península Ibérica, e possuíam grande tecnologia de locomoção terrestre e marítima, útil a D. Dinis (1279-1325).
                Após a aniquilação dos Templários na maior parte da Europa, a Ordem continuou em Portugal, como Ordem de Cristo (da qual o Infante D. Henrique foi grão-mestre). Toda a hierarquia foi mantida e na cruz vermelha sobre o pano branco, símbolo templário, foi acrescida uma nova cruz branca em seu centro, simbolizando a pureza da ordem.
                   A Ordem de Cristo herdou todos os bens dos Templários portugueses e desempenhou um papel fulcral nos descobrimentos portugueses. Por um lado, emprestaram recursos para a coroa portuguesa financiar os avanços marítimos, por outro, transmitiu à chamada Escola de Sagres todo o vasto conhecimento que já dispunham sobre navegação após anos singrando o mar Mediterrâneo. Essa ligação íntima explica porque as caravelas portuguesas tinham as suas velas pintadas com a cruz teplária.
             Alguns templários também se dirigiram para a Escócia, onde foram recebidos de bom grado e se incorporaram no exército escocês. A experiência e destreza dos cavaleiros templários foi importante nas batalhas que culminaram com a libertação do país do domínio inglês. Na Escócia tiveram liberdade suficiente para continuar as suas atividades sem ser incomodados pela inquisição da Igreja Católica, tendo-se misturado a fraternidades maçônicas, onde se originou, segunda a lenda, a Franco-Maçonaria.


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O CAVALO TOBIANO

                    




TOBIANO CAPINCHO
Aureliano de Figueiredo Pinto

“Este tobiano de Estância
foi o bicho mais maleva
que o diabo inventou pra um peão!
Zolhos de chancho, cabano,
sargo, coiceiro, aragano,
manoteador e bufão.

Peão que chegasse atrasado
na segunda, mui sovado
da farra pelo rincão
já se sabia - a sua pena
era encilhar o ventana
que ansim mandava o Patrão.”

...................................


                    A origem do cavalo malhado americano, data de 1519, quando o explorador espanhol Herman Côrtes trouxe para o continente americano uma tropa composta de 16 cavalos de guerra, entre os quais havia um branco com malhas escuras no ventre. Do cruzamento deste garanhão malhado com os nativos "mustangs" americanos originaram-se os cavalos "Pinto" e "Paint".
             No Brasil, não há registro de uma data precisa da primeira introdução de animais de pelagem tobiana, mas acredita-se que a pelagem foi introduzida através de alguns poucos cavalos de origem bérbere, trazidos pelos colonizadores portugueses e, principalmente, pelos cavalos holandeses, quando da invasão de Pernambuco.
                  Para os índios cavaleiros das planícies do oeste americano, cavalos manchados tinham muito valor e chegavam a atribuir-lhes poderes quase divinos, pois apresentavam de forma natural o singular colorido, semelhante as pinturas que costumavam realizar no próprio corpo, como ritual de proteção e sorte, antes de partirem para combates ou caçadas. O oeste americano foi desbravado nas patas de cavalos tobianos tornando-se as montarias de preferência dos índios e, particularmente, dos índios "Comanches", famosos pelas suas exímias habilidades como cavaleiros idolatravam os cavalos malhados por acreditar serem os favoritos dos Deuses.
              Os índios americanos e os antigos apreciadores dos cavalos manchados por razões mágicas e míticas ou pura paixão, priorizaram a pelagem à outras características não menos importantes desconsiderando a morfologia e a aptidão para atividades mais específicas(aí talvez a origem do preconceito).
                  Nascido em Sorocaba (SP) em 4 de outubro de 1.795, numa família de fazendeiros, o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar teve uma biografia tumultuada e uma curiosa relação com o RS.
                    Casou-se em 14 de junho de 1.841 com Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, ex-amante de D. Pedro I.
                Por duas vezes presidente da Província de São Paulo, o brigadeiro Tobias de Aguiar liderou em 1.842 a Revolução Liberal contra o Império ao lado do padre Diogo Antônio Feijó. Com 1.500 homens na chamada Coluna Liberal, partindo de Sorocaba, tentou invadir São Paulo não obtendo sucesso.
              Derrotado o brigadeiro fugiu com seu exército para o Rio Grande do Sul para juntar-se aos farroupilhas. A maioria dos soldados montavam cavalos pampas, inicialmente conhecidos no sul como tobianos. Quando do retorno à São Paulo, estes cavalos passaram a ser gradualmente conhecidos no resto do país como os cavalos dos "Pampas" A palavra, que se generalizou, é utilizada em todo o sul do Brasil, além do Uruguai e Argentina.
             Em Vocabulário Sul-rio-grandense Luiz Carlos de Morais informa:
           “- os gaúchos rio-grandenses cunharam o termo tobiano em homenagem ao guerrilheiro paulista (Tobias de Aguiar) que viera prestar concurso aos soldados de 35 e não aos seus conterrâneos, como afirma o autor do vocabulário Nheengatú. Nós chamamos de tobianos os pampas, usando um brasileirismo em substituição a palavra quichua. Em S. Paulo e alhures a generalização do nome indígena pampeano não cedeu lugar aquele derivado do valente brigadeiro da histórica cidade bandeirante.”
                 Essa afirmação de  Luiz Carlos de Morais também encontra amparo em Afonso A. de Freitas na obra Vocabulário Nheengatú e o general Manoel do Nascimento Vargas, em carta a  Sylvio da Cunha Echenique reforça os dois autores acima nomeados:
               “-Tenho presente o que ouvi de meu Pai, na minha infância, sobre o cavalo tobiano. Dizia ele que esse cavalo havia sido introduzido no Rio Grande por um coronel ou general Tobias que, partindo de Sorocaba, a frente de gente armada com o propósito de auxiliar a revolução farroupilha, trazia na força esses animais. Fora batido, não logrando seu propósito. Forneceu, porém, a origem da pelagem referida, que se propagou no Rio Grande, tendo-o como patrono. Não considero-a como caraterística da nossa raça Crioula. Em minha infância, as pelagens preferidas para o cavalo Crioulo eram a tordilha, e zaina, alazã, moura, pangaré e mais alguma.”
               Em Formação e Evolução das Estâncias Serranas, Aristides Gomes assim afirma sobre o tobiano:
                        “-Já no final da Revolução Farroupilha, o Brigadeiro Rafael Tobias que tentara uma revolta em São Paulo, emigrou para o Rio Grande.Trouxe na sua comitiva diversos animais de pelagem malha-chamava de "pampas" . A animalada crioula do Rio Grande era de variadíssima pelagem mas não existia aqui os tais pampas .
                         Rafael Tobias presenteou alguns reprodutores daqueles ao seu amigo, Dr. Antonio Gomes Pinheiro Machado. Esses animais reproduziram-se espalhando por toda a Província os seus descentes, cujas pelagens eram persistentes. Os campeiros deram-lhes nome de “tobianos", em virtude de terem sido introduzidos aqui Tobias.
                        Entretanto, os tobianos eram considerados cavalos sem resistência e caborteiros. Efetivamente, provinham eles da zona temperada, criados em meio calmo e seriam procedentes dos pesados de Flandres, com temperamento mau.
                        Os crioulos, criados nos rigores do inverno e nos calores verão, correndo em campinas enormes ao lado da égua-mãe e magotes de eguada gaviona, cruzando arroios a nado, banhadais barro à meia-barriga, serranias de pedras, vencendo pelo mais forte à vontade da natureza, castrados e pegados a laço e boleadeiras, para domar, de colmilhos amarelos e vigorosos, eram de temperamento amoldável e ágil, tinham de ser mais resistentes e melhores.
                            Mas, com o cruzamento contínuo, criação livre e os hábitos de domas e arrocino do gaúcho, os tobianos tornaram-se também resistentes, ágeis e tambeirões, confundindo-se com os crioulos.
                             Daí formarem-se belíssimas tropilhas de tobianos pretos, vermelhos, mouros, gateados e outras variações de pelagens. Até pilhas de mulas tobianas existiram, e lindaças.
                              Ainda hoje encontram-se no Estado, embora raras, tropilhas e manadas de tobianos. Diz Pedro Sarciat que, na Argentina, o primeiro Tobiano a entrar teria sido regalado a Don Justo José. Urquisa, a quem somente interessava a pelagem e não as qualidades do cavalo.”
                  Ao longo da história, em diferentes momentos, houveram diferentes razões circunstanciais que determinaram o preconceito à pelagem manchada, no entanto avanço do conhecimento genético na transmissão das pelagens, o rigor dos controles dos registros genealógicos e a importância do treinamento na evolução do cavalo crioulo moderno permite afirmar que se o atual cavalo crioulo perdeu um pouco da  rusticidade certamente ganhou em  beleza e  funcionalidade e o desafio para o crescente número de apreciadores do moderno crioulo tobiano, é buscar a pelagem  priorizando a morfologia e a genética comprovada para a função e assim  reverter o preconceituoso pensamento:
 "  ...  e cavalo tobiano só dá bom por engano".

  

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

PABLO NERUDA

                   Pablo Neruda nasceu em Parral, em 12 de julho de 1904, como Neftalí Ricardo Reyes Basoalto. Era filho de José del Carmen Reyes Morales, um operárioferroviário, e de Rosa Basoalto Opazo, professora primária, morta quando Neruda tinha apenas um mês de vida. Ainda adolescente adotou o pseudônimo de Pablo Neruda (inspirado no escritor checo Jan Neruda), que utilizaria durante toda a vida, tornando-se seu nome legal, após ação de modificação do nome civil.
                       Em 1906 seu pai se transferiu para Temuco, onde se casou com Trinidad Candia Marverde, que o poeta menciona em diversos textos, como "Confesso que vivi" e "Memorial de Ilha Negra", como o nome de Mamadre. Estudou no Liceu de Homens dessa cidade e ali publicou seus primeiros poemas no periódico regional A Manhã. Em 1919 obteve o terceiro lugar nos Jogos Florais de Maule com o poema Noturno Ideal.
                       Em 1921 radicou-se em Santiago e estudou pedagogia em francês na Universidade do Chile, obtendo o primeiro prêmio da festa da primavera com o poema "A Canção de Festa", publicado posteriormente na revista Juventude. Em 1923 publica Crespusculário, que é reconhecido por escritores como Alone, Raúl Silva Castro e Pedro Prado. No ano seguinte aparece pela Editorial Nascimento seus Vinte poemas de amor e uma canção desesperada, no que ainda se nota uma influência do modernismo. Posteriormente se manifesta um propósito de renovação formal de intenção vanguardista em três breves livros publicados em 1936:O habitante e sua esperançaAnéis (em canto nenhum-colaboração com Tomás Lagos) e Tentativa do homem infinito.
                         Em 1927 começa sua longa carreira diplomática quando é nomeado cônsul em Rangum, na Birmânia. Em suas múltiplas viagens conhece em Buenos AiresFederico Garcia Lorca e, em Barcelona, Rafael Alberti. Em 1935, Manuel Altolaguirre entrega a Neruda a direção da revista Cavalo verde para a poesia na qual é companheiro dos poetas da geração de 1927. Nesse mesmo ano aparece a edição madrilenha de Residência na terra.
                          Em 1936, eclode a Guerra Civil espanhola; Neruda é destituído do cargo consular e escreve Espanha no coração. Em 1945 é eleito senador. No mesmo ano, lê para mais de 100 mil pessoas no Estádio do Pacaembu em homenagem ao líder comunista Luís Carlos Prestes. Em 1950 publica Canto Geral, em que sua poesia adota intenção social, ética e política. Em 1952 publica Os Versos do Capitão e em1954 As uvas e o vento e Odes Elementares.
                             Em 1953 constrói sua casa em Santiago, apelidada de "La Chascona", para se encontrar clandestinamente com sua amante Matilde, a quem havia dedicado Os Versos do Capitão. A casa foi uma de suas três casas no Chile, as outras estão em Isla Negra e Valparaíso. "La Chascona" é um museu com objetos de Neruda e pode ser visitada, em Santiago. No mesmo ano, recebeu o Prêmio Lênin da Paz.
                      Em 1958 apareceu Estravagario com uma nova mudança em sua poesia. Em 1965 lhe foi outorgado o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de OxfordGrã-Bretanha. Em outubro de 1971 recebeu o Nobel de Literatura. Após o prêmio, Neruda é convidado por Salvador Allende para ler para mais de 70 mil pessoas no Estadio Nacional de Chile.
                      Morreu em Santiago em 23 de setembro de 1973, de câncer na próstata. Encontra-se sepultado em sua propriedade particular em Isla NegraSantiago no Chile. Postumamente foram publicadas suas memórias em 1974, com o título Confesso que vivi .
                          Em 1994 um filme chamado Il Postino (também conhecido como O Carteiro e O Poeta ou O Carteiro de Pablo Neruda no Brasil e em Portugal) conta sua história na Isla Negra, no Chile, com sua terceira mulher Matilde. No filme, que é uma obra de ficção, a ação foi transposta para a Itália, onde Neruda teria se exilado. Lá, numa ilha, torna-se amigo de um carteiro que lhe pede para ensinar a escrever versos (para poder conquistar uma bonita moça do povoado).
                            Durante as eleições presidenciais do Chile nos anos 70, Neruda abriu mão de sua candidatura para que Allende vencesse, pois ambos eram marxistas e acreditavam numa América Latina mais justa o que, a seu ver, poderia ocorrer com o socialismo.
                      A MORTE- MISTÉRIOS
                     Quarenta anos depois, a morte do poeta e Prêmio Nobel de Literatura chileno, Pablo Neruda, continua sendo um mistério. Conhecido por suas poesias de amor e sua militância no Partido Comunista, Neruda morreu no dia 23 de setembro de 1973 – duas semanas depois do golpe militar que derrubou o governo socialista de Salvador Allende.
O poeta estava internado na Clínica Santa Maria, em Santiago, a capital chilena, com câncer de próstata, quando o general Augusto Pinochet bombardeou o Palácio La Moneda, levando Allende a cometer suicídio e inaugurando 17 anos de ditadura. Em março passado, seu corpo foi exumado porque existe a suspeita de que a doença não matou Neruda – ele teria sido envenenado por ordem de Pinochet.
                     De acordo com Isabel Allende, em seu livro Paula, Neruda teria morrido de "tristeza" em setembro de 1973, ao ver dissolvido o governo de Allende. A versão do regime militar do ditador Augusto Pinochet (1973-1990) é a de que ele teria morrido devido a um câncer de próstata. No entanto, fontes próximas, como o motorista e ajudante do poeta na época, Manuel Araya, afirmam com insistência que o poeta teria sido assassinado, estando a própria justiça do Chile a contestar a versão oficial sobre a sua morte. Em Fevereiro de 2013, um juiz chileno ordenou a exumação do corpo do poeta, no âmbito de uma investigação sobre as circunstâncias da morte.

                           Encontra-se sepultado na sua propriedade particular em, Isla Negra Santiago, no Chile. Os restos mortais do poeta foram exumados a 08 de abril de 2013 para esclarecer as circunstâncias da sua morte. Segundo a versão oficial, morreu de um agravamento do cancro da próstata a 23 de setembro de 1973, 12 dias depois do golpe de estado perpetrado contra o seu amigo e presidente socialista Salvador Allende. Mas testemunhos recentes puseram em causa essa versão e evocaram um assassinato comandado pela ditadura, para evitar que Neruda se tornasse um opositor de prestígio, eventualmente a partir do exílio. 

                        A denúncia, que levou à exumação do corpo do poeta e amigo de Allende, foi feita pelo motorista e secretário de Neruda, Manuel Araya. Segundo ele, Neruda foi envenenado no hospital, um dia antes de partir para o exílio no México. Ele contou que – apesar de ter sido diagnosticado com câncer de próstata – o poeta não estava à beira da morte. Como prova, disse que Neruda pesava 124 quilos na época e escreveu, até o último momento, seu livro de memórias Confesso Que Vivi.
                    “Neruda ainda tem muito a oferecer e continuamos a apreender com ele”, disse nesse domingo (22) um dos sobrinhos do poeta, em cerimônia para marcar os 40 anos da morte do Premio Nobel de Literatura de 1971. Os resultados das investigações sobre as causas da morte – que estão sendo feitas nos Estados Unidos e na Espanha – devem ficar prontos no próximo mês.
                          Mas este não é o único caso que está sendo investigado. O ex-presidente Eduardo Frei Montalva (1964-1970) teria morrido em 1982 de uma infecção hospitalar na mesma Clínica Santa Maria onde Neruda foi internado. Mas há indicações de que ele teria sido envenenado. 
                       “Os primeiros indícios de que a morte de meu pai era suspeita surgiram em 2000, quando eu era presidente e pude reformar o sistema judicial e reabrir vários processos, fechados na época da ditadura”, disse à Agência Brasil o ex-presidente Eduardo Frei Tagle (1994-2000), filho do ex-presidente Eduardo Frei Montalva. “Começamos a desvendar um capítulo desconhecido, até pouco tempo, da ditadura de Pinochet. Além das execuções e torturas, o regime militar usava produtos químicos para liquidar a oposição”.

                       


A OBRA DE NERUDA.
·         Crepusculario. Santiago, Ediciones Claridad, 1923.
·         Veinte poemas de amor y una canción desesperada. Santiago, Nascimento, 1924.
·         Tentativa del hombre infinito. Santiago, Nascimento, 1926.
·         El habitante y su esperanza. Novela. Santiago, Nascimento, 1926. (prosa)
·         Residencia en la tierra (1925-1931). Madrid, Ediciones del Arbol, 1935.
·         España en el corazón. Himno a las glorias del pueblo en la guerra: (1936- 1937). Santiago, Ediciones Ercilla, 1937.
·         Tercera residencia (1935-1945). Buenos Aires, Losada, 1947.
·         Canto general. México, Talleres Gráficos de la Nación, 1950.
·         Todo el amor. Santiago, Nascimento, 1953.
·         Odas elementales. Buenos Aires, Losada, 1954.
·         Nuevas odas elementales. Buenos Aires, Losada, 1955.
·         Tercer libro de las odas. Buenos Aires, Losada, 1957.
·         Estravagario. Buenos Aires, Losada, 1958.
·         Cien sonetos de amor (Cem Sonetos de Amor). Santiago, Ed. Universitaria, 1959.
·         Navegaciones y regresos. Buenos Aires, Losada, 1959.
·         Poesías: Las piedras de Chile. Buenos Aires, Losada, 1960.
·         Cantos ceremoniales. Buenos Aires, Losada, 1961.
·         Memorial de Isla Negra. Buenos Aires, Losada, 1964. 5 vols.
·         Arte de pájaros. Santiago, Ediciones Sociedad de Amigos del Arte Contemporáneo, 1966.
·         Fulgor y muerte de Joaquín Murieta. Bandido chileno injusticiado en California el 23 de julio de 1853. Santiago, Zig-Zag, 1967. (obra teatral)
·         La Barcaola. Buenos Aires, Losada, 1967.
·         Las manos del día. Buenos Aires, Losada, 1968.
·         Fin del mundo. Santiago, Edición de la Sociedad de Arte Contemporáneo, 1969.
·         Maremoto. Santiago, Sociedad de Arte Contemporáneo, 1970.
·         La espada encendida. Buenos Aires, Losada, 1970.
·         Discurso de Stockholm. Alpigrano, Italia, A. Tallone, 1972.
·         Invitación al Nixonicidio y alabanza de la revolución chilena. Santiago, Empresa Editora Nacional Quimantú, 1973.
·         Libro de las preguntas. Buenos Aires, Losada, 1974.
·         Jardín de invierno. Buenos Aires, Losada, 1974.
·         Confieso que he vivido. Memorias. Barcelona, Seix Barral, 1974. (autobiografia)
·         Para nacer he nacido. Barcelona, Seix Barral, 1977.
·         El río invisible. Poesía y prosa de juventud. Barcelona, Seix Barral, 1980.
·         Obras completas. 3a. ed. aum. Buenos Aires, Losada, 1967. 2 vols.

A MAÇONARIA E A REVOLUÇÃO FARROUPILHA






                                               

                As Lojas Maçônicas Remanso e São Pedro N° 125 realizaram na segunda-feira, dia 16, uma Sessão Magna Pública em homenagem à Epopeia Farroupilha, no Templo da centenária Loja Maçônica Remanso.
Os Veneráveis Mestres Gilberto dos Santos (Remanso) e Ibanês Freitas (São Pedro Nº 125), denominados na ritualística gauchesca de Patrões, conduziram a bela Sessão, prestigiada por aproximadamente 70 pessoas, entre maçons, familiares, visitantes e artistas, que abrilhantaram a noite em que a Maçonaria, mais uma vez, prestou sua homenagem aos heróis farroupilhas, dentre eles, importantes maçons.
                  Obedecendo um ritual gauchesco/maçônico, nas "Lidas do Dia", aconteceram as apresentações artísticas, iniciando com a interpretação da música Negrinho do Pastoreio pelo maçom João Rodolfo Bayer (Remanso), acompanhado pelo jovem músico Henrique Arboite Torrel De Bail. O maçom Walter Stein (São Pedro N° 125) declamou uma poesia, e, na sequência, a jovem Laura Amália Einloft interpretou no teclado a música Vento Negro. Da Loja São Pedro N° 125, o maçom Leonir Roati de Moraes, juntamente com os Irmãos Cézar, brindaram o público com 2 belas apresentações. A Seguir, com o acompanhamento de Henrique Arboite Torrel De Bail, o maçom Moisés Silveira de Menezes (Remanso) declamou a poesia intitulada "Tempo de Saudade". De Santa Maria; da Loja Maçônica Honra e Verdade, o maçom Marco Maioli, também encantou a todos com 2 belas músicas gaúchas. Finalizando as apresentações, o renomado poeta e declamador Francisco Miguel Scaramussa declamou uma poesia de autoria de Moisés Silveira de Menezes, “A Alma de Souza Netto”.
             Fechando com "chave de ouro" a bonita noite em homenagem a Epopeia Farroupilha, todos confraternizaram no salão de festas "Walter Herz", da Loja Remanso, com um tradicional churrasco.
             Entre os maçons ilustres presentes,destacamos o Venerável de Honra Ad Vitan, Arthur Carlos Spode e João Domingues Flores da Costa, ambos da Remanso e com 60 anos de Ordem Maçônica; Paulo Fernandes Gobus, deputado da Poderosa Assembléia Legislativa Maçônica, onde representa a Loja Remanso; o Venerável Mestre Hilton Brust, da Loja Honra e Verdade, de Santa Maria; e Melsar José Dal Ri, da Loja Rui Barbosa III, de Santa Maria.
               O papel desempenhado, ou mesmo se a maçonaria envolveu-se na Guerra dos Farrapos é fator ainda hoje de muitas controvérsias. De concreto temos que vários Maçons participaram da que seria a mais duradoura revolta contra o império. Todavia houve maçons também participando pelo lado imperial.
               Voltaire traduz muito bem o pensamento e posicionamento Maçônico: -"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las, sendo assim não é um fato como esse que faz desta um verdade, ou mesmo uma mentira”.
                   Se não podemos afirmar que foi dentro da maçonaria que se constituiu o ideal libertário da Revolta dos Farroupilhas também não podemos dizer dizer que não foi um ato Maçônico, pois Bento Gonçalves da Silva participou da fundação da primeira Loja Maçônica (Philantropia & Liberdade) em Porto Alegre, que ocorreu no dia 23 de novembro de 1831, sob a égide e obediência do Grande Oriente Nacional Brasileiro, sendo também Bento Gonçalves, o primeiro Venerável Mestre dessa. Assim como bento outros líderes da revolta também eram obreiros maçons.
                 Quase certo é que o início desta não pode ser atribuída aos templos da Ordem, porque se isto aconteceu não deixou registros que possam validar tais acontecimentos, com isto é mais provável supor que o ato tenha sido sim de maçons, mas de forma idealista e individual dos mesmos.
                   De todos os mitos, que foram criados e divulgados, a fuga de Bento Gonçalves de sus prisão no Forte de São Marcelo na Bahia é o que há de mais palpável, pois existem documentos dentro da Ordem que constatam essa articulação.
                     Outro ponto inquestionável a favor dos que afirmam a participação da Maçonaria na revolução é a Bandeira Rio-grandense, que é carregada de símbolos maçônicos, idealizada por Coronel José Mariano de Matos e desenhada pelo Major Bernardo Pires, oficiais farroupilhas e Maçons:
                 1- Duas colunas - Remetem ao templo de Salomão. Uma representa a moral e outra o apoio, quando unidas significam a beleza. Força, beleza e sabedoria formam os grandes pilares que sustentam uma loja maçônica.
                 2 - Estrelas - Com uma ponta isolada para cima, representa o homem perfeito. Invoca sempre as influências celestes.
                3 - Ramos de acácia - Há controvérsias sobre a espécie dos ramos, mas uma hipótese é a acácia, que representa a imortalidade da alma e da própria iniciação maçom, que abdica de vícios mundanos em busca do ideal da virtude.
               4 - Triângulos - Repartido ao meio, o losango pode ser visto como dois triângulos equiláteros. O triângulo é um dos símbolos maçônicos de maior expressão. Se ampara nas qualificações da “fé, esperança e caridade”, entre outros significados.
                5 - Liberdade, Igualdade, Humanidade: O tema é uma adaptação das palavras de ordem da Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), até hoje valores cultivados pela Maçonaria.(Moisés Silveira de Menezes)