Denominação dada ao
revolucionário ou partidário da revolução rio-grandense de 1893, adepto do
credo político pregado por Gaspar da Silveira Martins e adversário do partido
então dominante, chefiado por Júlio Prates de Castilhos. Revolucionário ou
partidário da revolução rio-grandense de 1923, adepto do partido liderado por
Joaquim Francisco de Assis Brasil e contrário a Antônio Augusto Borges de
Medeiros, governador do Estado.
Na província de León,
Espanha, existe uma comarca denominada Maragateria, cujos habitantes têm o nome
de maragatos, e, que, segundo alguns, é um povo com hábitos de andarilhar de um
ponto a outro, com cargueiros, vendendo e comprando, foram os primeiros correios
da Espanha e hábeis na arte de selaria e correaria.Seriam oriundos da cidade de
Maraghat às margens do Nilo e fizeram parte da Cavalaria de Tarique na
conquista Árabe.
Aos naturais da cidade de
São José, no Estado Oriental do Uruguai, dão neste país o nome de maragatos,
talvez porque os seus primeiros habitantes fossem descendentes de maragatos
espanhóis. Pelo fato de os rebeldes em suas excursões irem levantando e
conduzindo todos os animais que encontravam, tendo apenas bagagens ligeiras,
cargueiros, etc. Como os da Maragateria e porque (com exceções) suspendiam com
o que encontravam em suas correrias, aplicou-se lhes aquela denominação, que
aliás eles retribuíram com outras não menos delicadas aos republicanos, a
despeito da correção em geral observada por estes em toda a luta."
(Romaguera).
"Ainda hoje (l897), que
11 séculos são decorridos, os maragatos constituem um nódulo distinto no meio
da população lionesa. São ainda os bérberes antigos: usam a cabeça raspada, com
uma mecha de cabelo na parte posterior; falam uma linguagem que não é bem
castelhana, a qual apresenta uma pronúncia arrastada, dura e lenta, e são
geralmente arredios." (Oliveira Martins, apud Vocabulário Sul-rio-grandense,
P.A., Globo, 1964, p. 289).
"Trouxera consigo, além
do irmão Aparício, um grupo de maragatos do Departamento de S. José, nome por
que eram conhecidos os imigrantes de certa região da Espanha, e, que, pelo prestígio
do chefe, se estendeu a todos os rebeldes da Revolução Federalista e até,
posteriormente, a qualquer adversário da situação castilhista do Rio
Grande." (Arthur Ferreira Filho, Revoluções e Caudilhos, 2a ed., Passo
Fundo, p. 34).
"J. F. de Assis Brasil, o
velho líder político maragato, lança "A Atitude do Partido Democrático
Nacional na Crise da Sucesso Presidencial do Brasil", um trabalho que
merece ser lido e meditado" (Pedro Leite Villas-Bôas, Um Quarto de Século
de Literatura Rio-Grandense - 1929-1954", in Revista da Academia
Rio-Grandense de Letras, n9 I, P.A., 1980, p. 125).
"Velho tropeiro
Vicente,
que amas tuas
origens...
fibra de velhas
raizes,
em solo duro e
ingrato.
Teimoso remanescente
duma raça em
extinção...
És caudilho maragato
sem armas nem
munição,
peleando
valentemente
na defesa deste
chão!"
(Cardo Bravo,
Rebeldia, poema).
RAÍZES BEDUÍNAS PARA O CANTO GAÚCHO
Moisés Silveira de Menezes
Livre, surgiu no
deserto
tripartido por amor
à tenda, à lança, ao
cavalo.
Nômade, migrou no
rumo
que lhe apontava a
inquietude
na sina eterna de
andar.
Inconforme o sangue
bérbere
o faz aportar na
Europa
pra fazer história e
Pátria
ao comando de
Tarique.
Maraghat, margem
esquerda
do grande rio
solitário
berço dos avoengos
os que de lança e
guitarra
traziam desertos no
olhar
sob tormentos de
cascos.
Os estandartes do
Islã
conquistam o Velho
Mundo
fazendo casa e
quintal
nos altíplanos da
Ibéria.
Por quase oitocentos
anos
beduínos
ensinamentos
modificaram a
paisagem,
artes, costumes,
crenças.
Surge a Espanha
sarracena,
fulguram raios de
Allambra,
lendas, miragens,
visões,
lindas moiras
encantadas
cantam os cantos
dolentes
dos poetas de
Sevilha.
No silêncio das
montanhas,
fixada a alma
errante,
vai dar vazão aos
encantos
das velhas canções
mouriscas
na plagência das
guitarras.
O tempo o vai
esculpindo
sem olvidar velhas
crenças
e um guerreiro
libertário
vai-se forjando “al
despacio”
no contraponto dos
dias.
Por instinto e
disnatia
cruzou as distintas
raças
que foi montando a
lo largo.
Mais tarde, Mendonza
trouxe
pra pampa
sul-ameríndia,
da cruza
moura-andaluz,
os potros que alaram
homens
que honraram a cor
do lenço
e amaram belas
mulheres
no intermédio das
guerras.
Entre Astorga y El
Teleno
Leão, província
espanhola
se aquerenciaram aos
poucos.
Bombachas largas,
vistosas,
jalecos, faixas
bordadas,
botas altas e
sombreros,
chasqueiros por
profissão.
Arrieiros vagos, no
entanto
migram por campos e
mares
rumo ao sul
americano.
Uruguay – la pátria
nueva
del señor de lo
desierto.
Alli, el gaúcho
maragato
aparició en San
José,
fita roja en el
sombrero
con divisas de muy
lejos
“por mi pátria”,
“por mi amor”,
“Todo por la
libertad”
debajo de un cielo
azul
con los sueños por
delante.
Argentina, pampa
larga,
Também recebe “el
moruno”,
cavalgando a “la
jineta”
um flete, olhos de
águia
força de ventos e
rios.
La tierra Sul
ameríndia
templó aun más su
carácter
payador y guitarrero
fuerza y aliento de
gigante
corazon y alma de
ñandubay.
93, clarinadas
cavalarias em carga
espadas em mãos de
ferro
lendárias “divisas
rojas”
nas hostes de
Gumercindo
invadem a pampa
gaúcha
de à cavalo entram
na história
viram lendas,
causos, mitos,
la gente noble y
valiente
rio grandense e
maragata.
Nos tempos claros de
paz
andejos cruzam os campos
dois idiomas para
‘el gaúcho’
três bandeiras, um
só canto.
Habitam cifras,
milongas
no bojo das
andaluzas
que sonorizam a
pampa
como a quebrar o
encanto
da moura da
Salamanca
que se escondeu no
Jarau.
Na época da revolução, os republicanos
legalistas usavam esta apelação como pejorativa, atribuindo-lhes propósitos
mercenários. A realidade oferecia alguma base para essa assertiva — o caudilho
estrategista brasileiro Gumercindo Saraiva, um dos líderes da revolução, havia
entrado no Rio Grande do Sul vindo do Uruguai pela fronteira de Aceguá
(Uruguai), no Departamento de Cerro Largo, comandando uma tropa de 400 homens
entre os quais estavam uruguaios descendentes de antigos maragatos com seus tradicionais lenços e fitas vermelhas. A família de Gumercindo, embora de origem
portuguesa, possuía campos em Cerro Largo.
No entanto, dar esse apelido
aos revolucionários foi um tiro que saiu pela culatra. A denominação granjeou
simpatia. Os próprios rebeldes passaram a se denominar "maragatos", e
chegaram a criar um jornal que levava esse nome, em 1896.
Aos poucos este termo foi
sendo usado para designar todos os revolucionários que usavam como símbolo o
lenço vermelho ao pescoço. Os guerrilheiros que lutaram a favor do governo
usavam o lenço branco (mais raramente o verde) e usavam às vezes uma farda azul
com gorro da mesma cor encimado por uma borla vermelha. Por isso, foram
chamados de Pica-paus.
Muitos historiadores afirmam que
a conquista da Ibéria, politicamente foi árabe, mas militarmente foi berbere e
isso deve a célebre cavalaria berbere comandada por Tariq Ibn Ziyad:
" Oh meus guerreiros, para
onde vocês poderão fugir? Atrás de vocês é o mar, diante de vós, o inimigo.
Vocês deixaram agora só a esperança da vossa coragem e constância. Lembrem-se
que neste país vocês são mais infelizes do que o órfão sentado à mesa do senhor
avarento. Seu inimigo estão diante de vocês, protegido por um inumerável
exército, ele tem homens em abundância, mas vocês, como única ajuda, tem suas
próprias espadas e, com elas uma única chance para a vida, a qual devem
arrebatar das mãos de vossos inimigos. Se vocês atrasarem para aproveitar o
sucesso imediato, a boa sorte irá desaparecer, e seus inimigos, a quem suas
presenças encheu de medo, terão coragem. Coloque longe de vocês a desgraça da
qual se fugir em sonhos, e atacar este monarca que deixou sua cidade muito bem
fortificada. Aqui está uma excelente oportunidade para derrotá-lo, se vocês
concordarem em expor-se livremente à morte. Não acreditem que eu desejo incitar
vocês a enfrentar perigos que eu me recuse a compartilhar com vocês. Durante o
ataque eu mesmo estarei em primeiro plano, onde a chance de vida é sempre
menos. " (Tariq Ibn Ziyad em discurso a sua celebre cavalaria berbere
depois de desembarcar na Ibéria e queimar os navios).
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