quarta-feira, 25 de julho de 2012

IV NOITE NATIVISTA

                           
  Tipo sócio/cultural da América Sulina, o gaúcho, miscigenado das tantas raças que aportaram na pampa larga, evoluiu tanto e demonstrou tamanha capacidade de adaptação as mais variadas situações, aos mais variados contextos sócio-políticos que acabou por entranhar-se profundamente na história do Rio Grande, na qual sempre coube o papel de protagonista.
     Esteve presente em todos os levantes em armas, desde o século VIII a 1930 que marca o fim do periódico bélico na nossa história. Cortou campos, cruzou estradas, abriu trilhas, combateu, perdeu filhos preciosos e chefes inesquecíveis e tão logo a paz acenava sua bandeira nas planícies, cerros e canhadas estavam de volta ao rancho, às lides campeiras e ao calor do ninho espartano onde se gerava e se criavam novos filhos para os árduos misteres da lida guapa, austera que legou uma sociedade única, um conjunto de princípios éticos e morais, duas línguas, um sem fim de linguagens e uma só identidade.
   A IV Noite Nativista de São Pedro do Sul trouxe alguns dos mais típicos e qualificados representantes desse gaúcho meio campeiro, meio militar, não melhores do que ninguém, mas diferentes, tradutores em verso e música da mais perfeita simbiose e harmonia de um homem/centauro com o meio social, histórico e político do qual brotou e  se projetou no tempo.
        Ouvia-se Luís Marenco, Leonel Gomez, Jairo Lambari, Mauro Moraes, vozes fortes, afinadas, coração na garganta e algo indescritível na expressão. Ouviam-se as guitarras de Juliano Gomes, Mauro Flores Polenz, Tiago Antunes e a Botonera de Fabiano Torres, mas, sobretudo ou subjacente tinha muito mais: Havia no palco tropel de cascos das velhas cavalarias e bater de tambores de Charruas e Minuanos, plangência dos hinários Guaranis, canções de ninar de avós e bisavós e milongas prenhes de luz e sentimento que fizeram ao longo do tempo as mais belas mulheres do continente amarem homens que honraram a cor dos lenços e cepa de donde vieram.
     Quem ouviu os versos de Mauro Moraes, Gujo Teixeira, Sérgio Carvalho Pereira, Evair Suarez Gomez, revestidos com límpidos bordoneios das guitarras andaluzas, ornados pelos acordes da botoneira indômita, reviveu Pedro Canga, o pioneiro cantor do Erval, também podia sentir algo de Jocunha Vargas o menestrel terrunho, de Jaime o incomparável payador sulino, enfim ouviu-se o que se podia ver e escutar e muito mais, ouvia-se aquilo que só podia ser sentido e visto por muito poucos, mas estava lá!!!!! Quem esteve presente,  saiu mais gaúcho e ficou sabendo porque o Rio Grande é  Rio Grande, nem melhor nem pior que ninguém, mas muito singular; saiu de lá com mais orgulho e amor ao rincão, ao modus vivendi, que realmente faz a diferença e se faz universal de tão grandiosamente regional!!!!
Foto-Rafael Menezes

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