Eduardo Hughes Galeano (Montevidéu, 3 de setembro de 1940 - Montevidéu, 13
de Abril de 2015) foi um jornalista e escritor uruguaio.1 É
autor de mais de quarenta livros, que já foram traduzidos em diversos idiomas.
Suas obras transcendem gêneros ortodoxos, combinandoficção,
jornalismo, análise política e História.
Nasceu em 3 de
setembro de 1940 em Montevidéu em uma família católica de classe média de
ascendência europeia.
Na infância, Galeano tinha o sonho de se tornar um jogador de futebol;
esse desejo é retratado em algumas de suas obras, como O futebol de sol
a sombra (1995). Na adolescência, Galeano trabalhou em empregos nada
usuais, como pintor de letreiros, mensageiro, datilógrafo e caixa de banco. Aos
14, vendeu sua primeira charge política para o jornal El Sol, do Partido
Socialista.
Iniciou sua carreira
jornalística no início da década de 1960 como editor do Marcha,
influente jornal semanal que tinha como colaboradores Mario Vargas Llosa e Mario
Benedetti. Foi também editor do diário Época e
editor-chefe do jornal universitário por dois anos. Em 1971 escreveu sua
obra-prima As Veias Abertas da América Latina.
Em 1973, com o golpe militar do
Uruguai, Galeano é preso e mais tarde forçado a se exilar na Argentina,
onde lançou Crisis, uma revista sobre cultura.
Em 1976, com o sangrento golpe militar liderado pelo general Jorge Videla,
tem seu nome colocado na lista dos esquadrões de morte e, temendo por sua
vida, exila-se na Espanha, onde deu início à trilogia Memória do Fogo.
Em 1985, com a redemocratização de seu país, Galeano retornou a Montevidéu,
onde vive ate hoje.
A obra mais
conhecida de Galeano é, sem dúvida, As Veias Abertas da América Latina.
Nela, analisa a História da América
Latina como um todo desde o período colonial até a
contemporaneidade, argumentando contra o que considera como exploração
econômica e política do povo latino-americano primeiro pela Europa e depois
pelos Estados Unidos. O livro tornou-se um clássico
entre os membros da esquerda latino-americana. Em Brasília,
após mais de 40 anos do lançamento do seu mais famosa obra, durante a 2ª Bienal
do Livro e da Leitura, Eduardo Galeano admitiu ter mudado de ideia sobre o que
escrevera. Disse ele: "'Veias Abertas' pretendia ser um livro de economia
política, mas eu não tinha o treinamento e o preparo necessário". Ele
acrescentou que "eu não seria capaz de reler esse livro; cairia dormindo.
Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico
já não a tolera.".
Memória do Fogo é uma trilogia da História
das Américas. Os personagens são figuras históricas: generais, artistas,
revolucionários, operários, conquistadores e conquistados, que são retratados
em pequenos episódios que refletem o período colonial do continente. Começa com
os mitos dos povos pré-colombianos e
termina no início da década de
1980. Na obra, Galeano destaca não apenas a opressão colonial, mas
também atos individuais e coletivos de resistência. A obra foi aclamada pela
crítica literária e Galeano foi comparado a John Dos
Passos e Gabriel García Márquez. Ronald Wright, do
suplemento literário do The Times, escreveu que "os grandes
escritores dissolveram gêneros antigos e encontraram novos. Esta trilogia de um
dos mais ousados e talentosos da América Latina é impossível de
classificar".
O Livro dos Abraços é
uma coleção de histórias curtas e muitas vezes líricas, apresentando as visões
de Galeano em relação a temas diversos como emoções, arte, política e valores.
A obra também oferece uma crítica mordaz à sociedade capitalista moderna, com o
autor defendendo aquilo que acredita ser uma mentalidade ideal à sociedade.
Para Jay Parini, do suplemento literário do The New York Times, é talvez a obra mais
ousada do autor.
Como ávido fã de
futebol, Galeano escreveu O futebol ao sol e à sombra, que revisa a
trajetória histórica do jogo. O autor o compara com uma performance teatral e
com a guerra; critica sua aliança profana com corporações globais ao mesmo
tempo em que ataca intelectuais de esquerda que rejeitam o jogo e seu apelo às
massas por motivos ideológicos.
Em seu livro mais
recente, Espelhos, o autor tem o intuito de recontar episódios que
a história oficial camuflou. Galeano se define como um escritor que remexe no
lixão da história mundial.
Apesar da clara inspiração
e relevância histórica de suas obras, Galeano nega o caráter meramente
histórico destas, comentando que é "um autor obcecado com a lembrança, com
a lembrança do passado da América e, sobretudo, da América Latina, uma terra
intimamente condenada à amnésia".
Uma das citações
mais memoráveis de Galeano é "as pessoas estavam na cadeia para que os
presos pudessem ser livres", se referindo ao regime militar (1973-1985) de
seu país.
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